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A fabricante de armas Taurus lançou um revólver cor-de-rosa nesta segunda-feira (8), Dia Internacional da Mulher. Em uma publicação nas redes sociais, a empresa diz que a edição especial do modelo Taurus 85 UL foi desenvolvida exclusivamente para o mercado brasileiro, onde, segundo a companhia, a demanda feminina está crescendo.
O revólver traz gravado a expressão "strong women", mulheres fortes, em inglês. "Com armação de alumínio, é leve e pequeno, indicado como arma de porte velado", informa a fabricante.
"Sabemos que uma ação vale mais do que mil palavras. Por isso, no Dia da Mulher, decidimos fazer um lançamento especial para elas continuarem fortes e bem armadas: conheçam o revólver RT85 UL Strong Women. Calibre .38, cano de 2” de comprimento e ação Single Action e Double Action. Modelo de 440g com capacidade de 5 tiros, armação alumínio, mira fixa, empunhadura de borracha Carry On, e uma gravação especial: strong women (mulheres fortes)", escreve a Taurus.
Acesso à armas de fogo e violência doméstica
Um novo estudo da Rede de Observatórios da Segurança revela que o Brasil segue mal no combate aos crimes contra as mulheres, em especial aos feminicídios. O boletim “A dor e a luta: números do feminicídio” destaque que em 58% dos feminicídios e 66% dos casos de agressão, os criminosos eram companheiros da vítima no ano de 2020 em cinco estados brasileiros – São Paulo, Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro e Ceará.
Decretos e dispositivos de flexibilização do controle de armas de fogo como os assinados recentemente pelo presidente da República tendem a antecipar desfechos trágicos para mulheres que vivem em situação de violência, afirma especialista em segurança pública e sociedade ouvida por Marie Claire.
"Quando analisamos os homicídios no país, verificamos que as armas de fogo são o instrumento mais utilizado para matar outra pessoa, em 75% dos casos. Nos casos de feminicídio – por se tratarem de casos que com frequência derivam de violência doméstica e ocorrem dentro das residências –, em mais da metade o agressor utiliza o que tem à frente para matar. Então, armas brancas, asfixia e espancamento são os métodos mais utilizados. E em geral a mulher é morta após uma série de outras violências já vividas, como numa escalada de violência", diz Samira Bueno, diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
A partir desse dado, Samira acredita que com o maior acesso a armas de fogo, a tendência é que agressores tenham instrumentos mais letais para agredir suas companheiras. "E isso não se resume à violência de gênero. Suicídios tendem a crescer e homicídios por brigas banais como conflitos no trânsito. Mas no caso de mulheres em situação de violência doméstica tende sim a ser desastroso, em especial porque convivemos com números crescentes há anos sem conseguir interromper essa trajetória", ela analisa.
Fonte: Marie Claire//LC