O Papa Francisco encontrou-se neste domingo (7) com moradores da cidade de Mossul, no Iraque, e ouviu de católicos e de seguidores de outras religiões como foi viver sob o domínio do Estado Islâmico.
O líder religioso afirmou a eles que a fraternidade é mais durável que o fratricídio, e os elogiou por terem se reerguido.
O papa está em uma viagem histórica ao Iraque. No sábado, ele visitou o local de nascimento do profeta Abraão.
Grande parte da cidade foi destruída em 2017, durante as batalhas entre o Estado Islâmico e uma coalizão de forças do Iraque e internacionais.
"É cruel que esse país, berço da civilização, tenha sido atingido por um golpe tão bárbaro, com destruição de locais de devoção ancestrais destruídos e mulheres de pessoas, muçulmanos, cristãos, yazidis e outros, forçados a ir embora ou mortos", ele afirmou.
“Hoje, porém, reafirmamos nossa convicção de que a fraternidade é mais durável do que o fratricídio, que a esperança é mais poderosa do que o ódio, que a paz é mais poderosa do que a guerra”.
O papa viaja com uma equipe de segurança grande. Picapes militares montadas com metralhadoras escoltam sua comitiva, e há seguranças à paisana em Mossul.
Em uma aparente referência direta ao Estado Islâmico, Francisco disse que a esperança nunca poderia ser "silenciada pelo sangue derramado por aqueles que pervertem o nome de Deus para buscar caminhos de destruição".
Ele então leu uma oração repetindo um dos principais temas de sua viagem, que é sempre errado odiar, matar ou guerrear em nome de Deus.
Os combatentes do Estado Islâmico, um grupo militante sunita que tentou estabelecer um califado na região, devastaram o norte do Iraque de 2014-2017. Eles mataram cristãos e também muçulmanos que se opunham a eles.
Comunidades cristãs antigas
A comunidade cristã do Iraque é uma das mais antigas do mundo. Eka foi particularmente devastada pelos anos de conflito. Hoje, há cerca de 300 mil cristãos no país, contra cerca de 1,5 milhão antes invasão dos EUA em 2003 e da violência brutal militante islâmica que se seguiu.
O Papa Francisco em Qaraqosh, um enclave cristão no Iraque, em 7 de março de 2021 — Foto: Yara Nardi/Reuters
O padre Raid Adel Kallo, pastor da Igreja da Anunciação, que foi destruída, contou que em 2014 ele fugiu com 500 famílias cristãs. Menos de 70 famílias estão no país agora.
“A maioria emigrou e tem medo de voltar”, disse.
Enclave cristão
Francisco então voou de helicóptero para Qaraqosh, um enclave cristão que foi invadido por combatentes do Estado Islâmico e onde as famílias lentamente voltaram e reconstruíram casas em ruínas.
Em Qaraqosh, ele recebeu boas-vindas de milhares de pessoas animadas, que lotaram as beiras das estradas para tentar ver o líder religioso.
A maioria não usava máscara.
Missa no estádio de Erbil
O papa celebrará uma missa em um estádio da cidade de Erbil, que teve a presença de 10 mil pessoas (espalhadas, para evitar o contágio do coronavírus).
A missa será em italiano, mas com orações em árabe e siríaco, as línguas dos cristãos locais. Além disso, haverá uma orquestra com cerca de 80 músico.
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