Augusto Aras: procurador-geral da República aposta em outro modelo de investigações Crédito: Pedro Ladeira / Folhapress
"Caixas de segredos", "modelo passível de correções", "menos holofote": essas frases ditas pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, evidenciavam seu pensamento sobre a Lava-Jato. Após assumir o comando do Ministério Público Federal, em setembro de 2019, Aras estabeleceu uma relação conturbada com a operação e elegeu como uma de suas prioridades o fim do modelo das forças-tarefas.
Oficializada hoje, o fim da força-tarefa de Curitiba é a derrota mais simbólica à operação desde seu início, em março de 2014. A medida capitaneada pela gestão de Aras tem como principal intenção enterrar a marca "Lava-Jato". A força-tarefa do Rio de Janeiro deve ser a próxima a ser encerrada.
Com isso, Aras agrada à classe política atingida pela Lava-Jato e também faz um forte aceno ao presidente Jair Bolsonaro, os responsáveis por sua nomeação. O fim da marca esvazia a lembrança do ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro, que se tornou adversário do bolsonarismo e uma voz contrária ao presidente para as eleições do próximo ano.
Internamente, a justificativa apresentada era de que as forças-tarefas traziam gastos excessivos e criavam problemas por exigir o remanejamento de procuradores.
O Conselho Superior da PGR tentou discutir alternativas, mas Aras não permitiu que o assunto fosse decidido de maneira conjunta. Apostou na criação dos Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaecos) e praticamente emparedou os procuradores para aceitarem a solução. O MPF do Rio foi pressionado a criar seu Gaeco para poder integrar a Lava-Jato à estrutura do órgão.
Globo /// Figueiredo