Bahia

Dieta forçada: pandemia faz preço do pão francês crescer até 35% em Salvador

Também houve alta no valor da farinha de trigo, açúcar, óleo, leite e derivados

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O pão nosso de cada dia – aquele francês, mais conhecido como “cacetinho” na Bahia – ficou cerca de 20% mais caro durante os meses da pandemia do novo coronavírus, segundo a Associação dos Proprietários de Padarias da Bahia (APP-BA).  A estimativa é ainda maior de acordo com o Sindicato de Panificadoras de Salvador (Sindipan): 35%. Só de julho para agosto de 2020 o aumento foi de 9,78% na capital baiana – o maior índice das 17 capitais do Brasil que participaram da última pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

O preço normal do queridinho do café da manhã varia entre R$ 7,50/kg e R$ 14,50/kg em Salvador e Região Metropolitana, mas chegou a ser encontrado por R$ 17,90/kg na delicatessen Almacen Pepe, no Itaigara. O gerente do local não quis comentar a variação de preço. Na panificadora Bola Verde, no Largo Dois de Julho, o preço do quilo do pão aumentou R$ 1 desde março e agora custa R$ 11/kg. “Devido ao alto custo dos produtos a gente teve um reajuste”, explica Santos, auxiliar da padaria. 

Uma das principais causas para o incremento do preço do pão tem a ver justamente com a alta dos insumos que são usados para produzi-lo, como a farinha de trigo e o açúcar. A farinha subiu quase 60%, segundo a diretora da APP-BA Maria da Conceição, que comprava o saco de 50kg por R$ 90 para abastecer sua padaria. Agora, a mesma quantidade custa R$ 142. Já o açúcar, que ela adquiria por R$ 1,95/kg aumentou para R$ 2,20/kg, ou seja, 12,8%. O Sindipan calculou um aumento ainda maior, de 22%.

“A gente está sofrendo muito com o aumento do preço dos insumos. Tem sido assustador, e, muitas vezes, temos que passar para o cliente final. Mas temos que ter muita cautela para não ter perda de consumidor, porque, em padaria de bairro, o cliente é diário e percebe tudo que está acontecendo”, relata Maria da Conceição, que tem mantido o preço em R$ 9,95/kg há três anos. “Por enquanto estou absorvendo o custo e diminuindo minha lucratividade, mas não sei até quando consigo segurar”, completa. 

Outros alimentos
Alguns produtos não tiveram como escapar do aumento de preço, como o leite e seus derivados, além do arroz e óleo. O aumento também foi visto em outras capitais do país. O queijo lanche, por exemplo, tinha um custo médio de R$ 28/kg e agora pode custar até R$ 42/kg. A cliente Evelyn Reis, 25 anos, começou a reduzir o consumo como estratégia para economizar. “Tem coisa que não tem jeito, leite tem que comprar. Mas queijo a gente tem opção e não estou usando muito”, conta Evelyn, que passou a cozinhar mais em casa. 

Se antes o óleo era visto a no máximo R$ 4 nas prateleiras, agora ele pode chegar a R$ 7, o litro. Essa mudança doeu no bolso da comerciante Olga Cabelera, 49, que vende pastéis em uma lanchonete. “Eu comprava a R$ 3,79 e agora está a R$ 6,50, R$ 7. É uma coisa que não posso deixar de usar. Já nos recheios dos pastéis de queijo, eu comecei a usar menos. Não quis trocar de marca para não perder a qualidade”, explica Olga, que fazia compras na delicatessen Gilzan, na Boca do Rio. 

Reprodução Correios 24h //Itatiaia Fernandes