Brasil

Nova nota de R$ 200 é apresentada pelo BC e já está em circulação

Nova cédula é de cor cinza e sépia e tem o lobo-guará na estampa

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A nota de R200 entra em circulação nesta quarta Foto: Raphael Ribeiro/BCB

O Banco Central apresentou e colocou em circulação a nova cédula de R$ 200 nesta quarta-feira. A tiragem da cédula é de 450 milhões de unidades, equivalentes a R$ 90 bilhões, que deverão chegar nas mãos da população aos poucos. A nota nas cores cinza e sépia (tom de marrom amarelado) tem o lobo-guará na estampa. Ele ficou em terceiro lugar em uma pesquisa que a autarquia fez em 2001 e assim acabou estampando a nota de R$ 200. Isso porque em primeiro lugar ficou a Tartaruga Marinha, que desde aquele ano ilustra a nota de R$ 2, e em segundo, o Mico-leão-dourado, que a partir de 2002 passou a estampar a de R$ 20.

A nota tem o mesmo tamanho da cédula de R$ 20, é a sétima da família do Real e a de maior valor, após a de R$ 2, R$ 5, R$ 10, R$ 20, R$ 50 e R$ 100.

De acordo com o Banco Central, a nova cédula é necessária para suprir a demanda da população por papel moeda, que subiu bastante durante a pandemia. No início do ano, a projeção era de que R$ 301 bilhões circulassem na economia. No entanto, os efeitos da pandemia em conjunto com as medidas do governo fizeram com que esse número pulasse para R$ 342 bilhões.

Dois fenômenos contribuíram para esse crescimento, o chamado entesouramento, que é quando as pessoas sacam dinheiro vivo para formar reservas em casa, e o aumento da demanda por papel moeda devido aos saques do auxílio emergencial.

Com isso, o Banco Central analisou que poderia ter dificuldade de atender à demanda por dinheiro vivo e viu na cédula de R$ 200 uma saída. O dinheiro ainda é a forma mais frequente de pagamento pela população.

Ancelmo:  A escolha do lobo-guará para a nota de R$ 200 e sua relação com a privatização da Casa da Moeda

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participou da cerimônia da lançamento e ressaltou que além desses dois fatores, o ritmo de retorno dessas cédulas para a rede bancária diminuiu, por conta da queda nas transações presenciais durante a pandemia.

— O Banco Central tem atuado durante todos esses meses, e tem conseguido fornecer cédulas e moedas de modo a atender às necessidades da sociedade de forma adequada. Ainda assim, como estamos vivendo um momento sem precedentes na história, não há como prever se essa demanda por dinheiro em espécie continuará aumentando, e por quanto tempo.

De acordo com a diretora de Administração do BC, Carolina de Assis Barros, a autoridade monetária calculava uma necessidade adicional de R$ 105,9 bilhões que precisava ser gerado no espaço de cinco meses. A diretora argumentou que a única maneira de atender a essa necessidade seria com uma nota de valor maior.

—  O BC precisava agir preventivamente e com responsabilidade. Diversos cenários de estresse foram modelados pela equipe econômica do BC e ficou claro que, se nenhuma medida incisiva fosse tomada, poderíamos sim ter falta de numerário. É dever do BC atuar para que isso não aconteça, disse.

 

Segurança

A nova cédula vai contar com elementos de segurança que já estão presentes em notas de outros valores, como a marca-d'água que aparece se colocada a luz, e áreas com alto-relevo.

No caso da face em que está a efígie da República, há um alto-relevo no valor e nas extremidades, em cima das ilustrações da lobeira, à esquerda, e de plantas típicas do cerrado, à direita.

— O Banco Central possui o mote para trabalhar os elementos de segurança das cédulas:  veja, sinta e descubra. É tudo o que a gente precisa fazer para explorar os elementos de segurança presentes numa célula, a gente vai explorar a cédula com a visão, com o tato e com a nossa curiosidade, disse a diretora de Administração.

Do outro lado da cédula, onde está o lobo-guará, também existem elementos em alto-relevo, como o escrito "Banco Central do Brasil", o próprio animal e o valor de R$ 200 que está em destaque.

Polêmicas

No anúncio da nova cédula, que aconteceu no fim de julho, algumas questões foram levantadas, como o receio do impacto de uma cédula em um valor maior na inflação. Essa ideia foi descartada por Carolina de Assis Barros, que ressaltou que não há ligação entre uma coisa e outra. — O fato de estarmos lançando essa nova cédula é tão somente para que a gente consiga honrar todas as necessidades de saque por parte da população. O Banco Central não podia pagar para ver. Se tinha demanda da população por papel moeda, é papel do BC atender. Isso não tem relação com inflação. A inflação no nosso país segue baixa, segue estável.

Outro ponto levantado com o anúncio foi o de que uma nota de valor maior poderia facilitar crimes financeiros, como a lavagem de dinheiro. Essa questão foi levada ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela Rede, PDT e pelo Podemos.

Além do argumento de uma possível facilitação da lavagem de dinheiro, os partidos afirmaram que a criação da nova moeda violava os motivos de motivação e eficiência dos atos administrativos.

O Banco Central nega ambos os argumentos. Em resposta ao STF, o BC ressaltou que a nota de R$ 200 foi a melhor solução encontrada para atender a demanda da população e vê ligação nula entre uma nota de valor maior e a facilitação de lavagem de dinheiro.

Reprodução: O Globo

da Redação do LD