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Aclamado no mundo todo, Balé Folclórico da Bahia faz vaquinha virtual

Sem patrocinador, companhia de dança deixou de pagar salários, contas e manter acervo dos espetáculos

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Dos 48 colabora- dores do BFB, ficaram apenas  os 13 bailarinos mais antigos, que também estão sem receber salário desde maio

 

Ao longo de 32 anos de sua existência, o Balé Folclórico da Bahia viveu entre a glória dos palcos e a dificuldade de recursos para se manter. Aclamado nos quatro continentes por onde já se apresentou, a companhia de dança está vivendo a pior crise financeira de sua história.

A bilheteria do Teatro Miguel Santana, no Pelourinho, onde fez sua última apresentação em março deste ano, era uma das únicas verbas que o grupo contava como certa para conseguir girar. A pequena casa de espetáculos, com 100 lugares, que funciona na  sua sede da companhia, era o palco das apresentações de espetáculos diários encenados pelo segundo corpo de baile do grupo, enquanto o principal passava boa parte do ano em turnês nacionais e internacionais, garantindo outra importante renda que não entra no cofre desde o começo da pandemia.

Com a crise, as apresentações foram suspensas e parte da equipe, incluindo bailarinos, foi dispensada. Sem dinheiro em caixa, os salários dos mais de 40 integrantes da companhia estão atrasados desde abril, início da pandemia.

Sem nunca ter conseguido atrair um grande patrocinador, assim como as grandes companhias de dança brasileiras, o balé custeia parte das despesas fixas de sua estrutura com uma ajuda de R$ 33 mil mensais, que recebe do Fundo de Cultura da Bahia..

Inclusão
É com este recurso, segundo o diretor e fundador da companhia, Vavá Botelho, que são pagas as bolsas-auxílio dos alunos,  em maioria carentes, das oficinas. “Desde março, além do corpo de baile, os projetos de inclusão social que atendem cerca de 1,2 mil jovens também foram suspensos”, diz.

É destes programas que saem artistas para trabalhar nas mais diversas partes do mundo. A maioria, vinda de comunidades menos favorecidas da cidade. “O BFB é responsável pela formação de jovens talentos que são exportados para o mundo todo. É um patrimônio cultural do Brasil e precisa ser preservado”, defende a atriz Glória Pires, que vai dirigir um documentário sobre a companhia.

Com as dívidas acumuladas – agravadas por outras assumidas no ano passado durante uma reforma na sede histórica que estava em condições precárias, Botelho partiu pra luta e ganhou um aliado de peso: o cantor Caetano Veloso.

 

Correio // Figueiredo