Ainda à espera de uma decisão favorável no Supremo Tribunal Federal, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), cedeu a pressões políticas para tentar conter o avanço de seu processo de impeachment na Assembleia Legislativa fluminense.
Por sugestão do vice, Cláudio Castro (PSC), o governador readmitiu o ex-deputado federal André Moura na Secretaria da Casa Civil. Além disso, tem acenado a deputados alinhados ao clã Bolsonaro, seus ex-aliados e hoje rivais.
Moura —que tem bom trânsito na Assembleia— volta fortalecido ao Palácio Guanabara apenas 56 dias depois de sua exoneração. Informado de sua demissão pelo Diário Oficial na noite de 28 de maio, ele reassumiu na última quinta (23) uma estrutura maior do que aquela que deixou, com a incorporação da Secretaria de Governo e da Comunicação na pasta da Casa Civil.
Apesar da aposta na melhora do ambiente com o Legislativo, Moura afirmou à Folha que não assumiu o cargo com a missão de impedir a aprovação da denúncia contra o governador.
O chefe da Casa Civil admite, porém, que uma boa governança pode azeitar o relacionamento com os parlamentares. Ele diz também que estaria faltando com a verdade se dissesse que Witzel o convidou com a missão de deter o impeachment.
Entre deputados, a nomeação de Moura foi interpretada como uma demonstração de poder de Cláudio Castro. Foi o vice-governador quem procurou Moura, segundo o próprio secretário, organizando ainda um segundo encontro com a participação de Witzel.
Nas redes sociais, o governador afirmou que Castro fez o convite a seu pedido, embora os próprios interlocutores de Witzel afirmem que a ideia foi do vice. A chegada de Moura pode distensionar a relação entre governador e vice, uma vez que Castro se empenhou para que o retorno se concretizasse.
Para parlamentares, a escalação de Moura funcionará como transição para um eventual governo Castro.
Se os deputados aceitarem a denúncia, Witzel será afastado temporariamente até ser julgado por um tribunal misto, formado por deputados estaduais e desembargadores do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
Antes de convidar Moura, Witzel tentou uma aproximação com os parlamentares que incluiu oferta de cargos em órgãos estaduais, como a Loterj (Loteria do Estado do Rio) e Inea (Instituto Estadual do Ambiente).
Eleito como aliado de Jair Bolsonaro (sem partido), Witzel se tornou desafeto do presidente, com quem trocou acusações durante a pandemia do coronavírus. Após ser alvo da operação da PF, porém, o governador decidiu recuar no tom dos ataques e se colocar aberto ao diálogo.
Redação: Jornal de Brasília
da Redação do LD