Com o acréscimo de 39 óbitos, a Bahia chegou a 609 mortes provocadas pela Covid-19 nesta sexta-feira (29). No entanto, nenhuma delas ao longo das últimas 24 horas. A Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), que divulga o boletim epidemiológico diariamente, ressalta que se tratam de falecimentos registrados num período de 36 dias e que essas “notificações tardias” estão sendo apuradas pela Auditoria do Sistema Único de Saúde (SUS) e pela Corregedoria. O Bahia Notícias fez uma análise, compilando dados de todos os boletins divulgados pela Sesab, e constatou que a distância entre a data do óbito e a publicação já chegou à marca de 28 dias em um dos casos. Se trata de um homem de 69 anos, residente em Salvador e que morreu em um hospital privado da cidade. Em ordem de registro, ele foi a 425ª vítima do novo coronavírus, falecido em 26 de abril. Mas o óbito foi publicado pela Sesab e, consequentemente, contabilizado pelo Ministério da Saúde, apenas no último domingo (24). Nesse dia, inclusive, a pasta contabilizou o atual recorde de registros: em 24 horas, foram 47 mortes. Assim como no caso desta sexta-feira, nenhuma delas ocorreu no mesmo dia. Já no boletim mais recente, um caso ainda pior foi o 588º: uma mulher de 37 anos, moradora de Salvador, tabagista e alcoólatra, foi internada e faleceu em uma unidade de saúde pública da cidade no dia 22 de abril. A Sesab explicou que, como o resultado laboratorial foi inconclusivo, a investigação demandou mais tempo. Ainda assim, o encerramento do caso foi dado dia 1º de maio e só agora, 36 dias depois, ocorreu a notificação no sistema ministerial.
Como se vê, exemplos de registros feitos com atraso podem se tratar de casos confirmados apenas após o óbito. De toda forma, laboratórios públicos e privados afirmam processar os exames em prazo muito inferior. O Laboratório de Análises Clínicas da Bahia (Lacen-BA), que libera, em média, mil resultados de exames diariamente, indica o prazo de até três dias e meio para a entrega.
“Nós estamos recebendo um volume muito grande de amostra e já chegamos a receber 1,7 mil num só dia, mas acontece diariamente de exame chegar mal coletado, com más informações, várias razões em que não podem ser aceitas”, pondera Arabela Leal, diretora do Lacen-BA, em entrevista ao Bahia Notícias.
Menos demandado, o DNA recebe cerca de 400 amostras por dia. De acordo com a farmacêutica, bioquímica e gerente de qualidade do laboratório privado, Alessandra Teixeira, a entrega das análises costuma ser feita dentro de dois dias úteis.
Com os resultados checados, ambas garantem que a atualização nos sistemas do Ministério da Saúde, que servem de base para a elaboração do boletim da Sesab, é diária. O mesmo vale para hospitais privados ouvidos pelo Bahia Notícias.
Só que com a disseminação do vírus, que já infectou 16.917 pessoas na Bahia, segundo os números oficiais, a demanda dos laboratórios cresceu e esse prazo foi alargado até chegar ao quadro atual. Com 94 mortes oficialmente registradas de 19 a 25 de maio, última semana que pôde ser analisada por completo, a diferença média entre a data do óbito e a publicação foi de 6,6 dias.
Reprodução: Bahia Notícias | da Redação do LD