Um veículo militar americano entrou à força na quinta-feira (15) no hospital da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) de Kunduz, norte do Afeganistão, bombardeado há duas semanas pelas forças dos Estados Unidos, denunciou a ONG.
A MSF expressou irritação e lamentou a possível destruição de provas do bombardeio americano, que matou pelo menos 24 pessoas.
O blindado forçou a passagem na quinta-feira à tarde e danificou a porta de entrada, aparentemente sem saber que diretores da MSF estavam no local, incluindo seu diretor no Afeganistão, Guilhem Molinie.
A delegação americana que estava no veículo iniciou uma negociação com a equipe da MSF, alegando que estava autorizada a entrar no hospital como parte da investigação conjunta entre Estados Unidos e Afeganistão sobre o bombardeio de 3 de outubro.
Após uma hora e meia de discussões, os soldados americanos foram autorizados a entrar, mas sem as armas, no edifício parcialmente destruído e que não funciona mais desde o ataque.
Uma porta-voz da ONG confirmou à AFP a intrusão americana, que aconteceu, segundo a mesma fonte, "apesar de um acordo que estipula que a MSF deve ser informada antes de cada nova etapa da investigação".
"Esta intrusão não anunciada e à força danificou o edifício, destruiu possíveis provas e gerou estresse e medo na equipe da MSF", disse a porta-voz.
"Nos informaram sobre o incidente e estamos investigando o ocorrido", disse à AFP uma fonte da força da Otan no Afeganistão, que é liderada pelos Estados Unidos.
A MSF exigiu uma investigação independente sobre o bombardeio do hospital de Kunduz, o único que realizava cirurgias de emergência nesta área do norte do Afeganistão. O ataque matou 14 funcionários e 10 pacientes. Outras nove pessoas continuam desaparecidas.
O presidente americano, Barack Obama, apresentou suas desculpas à MSF, mas a ONG pede uma investigação internacional independente sobre o ocorrido.
Foto: Reprodução/G1-Globo