A Faculdade Cásper Líbero, de São Paulo, expulsou um aluno transexual e demitiu uma professora do curso de Publicidade e Propaganda após um desentendimento que partiu do questionamento de um método de avaliação aplicado por ela. O coordenador do curso perdeu o cargo, mas continua na instituição.
Samuel Silva, de 22 anos, era o único aluno transexual da Cásper Líbero e discordou quando a docente Marina Negri utilizou como base para uma prova um vídeo em inglês, sem tradução e legenda. Silva reclamou que a atitude da professora foi "elitista" e que ela partiu do pressuposto de que todos os alunos entendessem o idioma. O aluno questionou publicamente a "capacidade profissional" da professora.
Depois da reclamação do aluno nas redes sociais sobre o método de aplicação da prova, a professora enviou um e-mail aos integrantes da mesma classe questionando a atitude do aluno. "Tenho a dizer que, das quatro turmas de PP (Publicidade e Propaganda), Samuel Silva foi o único aluno universitário que não teve capacidade de assimilar um áudio com sonora em Inglês, narrado lentamente, em linguagem cotidiana, de um filme de 30", teria afirmado a professora em um trecho do e-mail publicado pelo aluno nas redes sociais.
Ele voltou a publicar uma mensagem no Facebook com trechos do e-mail e acusando a professora de ser "ridícula e transfóbica". Depois das críticas, a coordenadoria do curso de Publicidade e Propaganda tomou conhecimento do caso. O responsável pela área, Walter Freoa se reuniu com os representantes da turma de Silva, mas ele não foi convidado a participar. Ele ficou irritado e invadiu a reunião. Houve uma discussão e o coordenador registrou um boletim de ocorrência por "agressão". Silva teria trombado no professor, que caiu no chão. Ele alega que foi apenas um "esbarrão" quando tentou correr do local. O aluno diz que Freoa o tratou como "ela" de propósito, como uma provocação.
O diretor da Cásper Líbero, Carlos Roberto da Costa, publicou em suas redes sociais uma nota divulgando a expulsão de Silva, da professora, e o afastamento de Freoa do cargo de coordenador. "A Instituição comunica a transferência compulsória do aluno para uma instituição que o atenda", afirmou o diretor. Costa ressaltou que Silva teria feito ameaças à Faculdade em suas redes sociais, a partir de um discurso de ódio. "Ainda que tenha havido desentendimento entre o aluno e a professora, nada justifica a agressão física do aluno contra o coordenador do curso."
"Decidimos também pelo desligamento da professora, entendendo má condução e má postura ao expor o aluno perante a classe e por alimentar a divulgação dos fatos decorrentes, mesmo após orientação de aguardar o resultado da sindicância para se manifestar", afirmou Costa.
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