Pressionado pelo Palácio do Planalto a trocar o comando do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), o ministro da Economia, Paulo Guedes, reconheceu nesta quarta-feira, 7, a existência de um “aparente conflito institucional” e evitou garantir a permanência de Roberto Leonel na presidência do órgão. “Toda vez em que existe um aparente conflito institucional, a solução é o aperfeiçoamento institucional. Cabeças rolarem pode até acontecer, mas a solução exige um aperfeiçoamento de estrutura. Tenho trabalhado para identificar esses problemas e, quando há conflito, é preciso uma solução definitiva para que não haja mais suspeitas e mal-entendidos”, disse Guedes. “Eu trabalho com métodos institucionais. As pessoas são consequência.”
Leonel entrou na mira do Planalto depois de criticar decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, que condicionou o uso de dados do Coaf em investigações ao pedido de autorização prévia da Justiça. O efeito prático da medida foi a paralisação de diversos processos em curso no País, entre eles, o que investiga se o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, se apropriou de salários de assessores quando era deputado estadual no Rio.
O ministro se reuniu com Leonel e deixou o ministério para, segundo ele, fazer um périplo pela Esplanada e se inteirar com “todos os Poderes” sobre as queixas existentes em relação ao Coaf. “Não pode haver excessos que joguem suspeitas sobre pessoas que não estão sendo investigadas. Temos um lado no Parlamento que acha que está sendo atacado e temos outro lado na Justiça que defende que o Coaf realize o seu trabalho. A solução institucional tem que ser clara.” O ministro disse não estar procurando pessoas no momento para uma eventual substituição de Leonel. “Não é só uma questão de trocar cabeças, é preciso resolver o problema”, afirmou Guedes.
Estadão // AO