O presidente Jair Bolsonaro e seu colega francês, Emmanuel Macron, reuniram-se nesta sexta-feira durante a cúpula do G20 em Osaka, um encontro informal e amistoso, apesar das recentes críticas do francês, informou o porta-voz do governo do Brasil.
Os dois conversaram por quase 30 minutos, indicou o porta-voz da presidência, Otávio Rêgo Barros.
“Foi um encontro amistoso, por quê não seria?”, declarou o general, sem mencionar as recentes críticas de Macron à política climática do Brasil.
Os dois presidentes abordaram, entre outros temas, o acordo de Paris sobre o clima e as negociações sobre o tratado UE-Mercosul, sobre o qual Rêgo Barros declarou que está “muito avançado”.
Os dois presidentes, completou, esperam um anúncio sobre o acordo “o mais rápido possível”.
O ambicioso acordo comercial que começou a ser negociado em 1999 está sendo finalizado em Bruxelas e pode tornar-se realidade em breve, apesar das dúvidas de alguns países europeus, em especial da França, que deseja proteger seu setor agrícola.
A presidência francesa informou que a discussão entre ambos foi “muito direta” e que Macron “insistiu na necessidade de que o Brasil permaneça no acordo de Paris” sobre o clima, apesar de Bolsonaro ter afirmado que não tem a intenção de abandonar o mesmo.
Rêgo Barros indicou que Bolsonaro reiterou que o país “permanecerá” no acordo do clima e aproveitou para convidar o francês “a visitar o Brasil, especialmente a região amazônica”.
O objetivo é que “esta visita possa contribuir à verdadeira narrativa sobre o esforço que o presidente Bolsonaro vem realizando, junto com o governo, para que o meio ambiente seja preservado”, completou o porta-voz.
O Palácio do Eliseu anunciou ainda que o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, visitará o Brasil em julho.
A reunião entre Bolsonaro, representante da extrema-direita, e o liberal Macron, prevista inicialmente como bilateral (o que significava um status oficial) foi finalmente “informal” por questões de agenda, afirmou o porta-voz, que minimizou a diferença e destacou que o mais importante é que o encontro aconteceu.
Macron ameaçou na quinta-feira não assinar o tratado comercial UE-Mercosul se o Brasil abandonar o acordo de Paris sobre o clima.
O governo de Bolsonaro está sob uma tempestade de críticas de ONGs e de alguns governos, incluindo a Alemanha, por sua política para combater o desmatamento.
Bolsonaro afirmou na véspera que o Brasil pode ser um exemplo no meio ambiente e disse que não aceitaria lições de ninguém durante o G20.
A luta contra a mudança climática é um dos principais temas do encontro do G20, que reúne nesta sexta-feira e no sábado 20 países desenvolvidos e emergentes, uma questão que alguns países, liderados pelos Estados Unidos, não querem ver mencionada no comunicado final.
AFP // AO