A Avianca Brasil deverá demitir 1.000 funcionários em junho, segundo documento protocolado pela Alvarez & Marsal, administradora do processo de recuperação judicial da empresa. A companhia aérea iniciou no último dia 13 um processo de demissão em massa que já cortou mais de 1.000 empregados, segundo os sindicatos dos aeroviários e dos aeronautas.
Hoje, a empresa diz ter 2.687 colaboradores. A marca, que está em recuperação judicial desde dezembro, teve seus voos suspensos pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) em 24 de maio. Antes disso, sofreu uma redução de frota para cinco aviões por falta de pagamento do arrendamento das aeronaves às empresas de leasing.
A notícia da demissão futura foi recebida com alegria em grupos de funcionários da empresa em um aplicativo de mensagens. A maioria deles não recebe salários e benefícios há pelo menos dois meses, e tem a esperança de conseguir receber a rescisão. Segundo os sindicatos, contudo, a Avianca Brasil também não tem pago as rescisões dos demitidos, e não deposita o valor correspondente ao FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) pelo menos desde março deste ano.
PROPOSTA DA AZUL
O juiz responsável pelo processo de recuperação judicial da Avianca rejeitou, nesta terça (28), a proposta da Azul pelos slots (autorizações de pousos e decolagens) da aérea. A Azul ofereceu US$ 145 milhões por uma nova UPI com slots da empresa. Em sua decisão, o magistrado Tiago Limongi, faz "sinceros elogios à combatividade e brilhantismo" da Azul, mas diz que a oferta da empresa é incompatível com a proposta aprovada no plano de recuperação judicial da Avianca e que foi recusado pela própria empresa.
A oferta originalmente aprovada pelos credores foi elaborada pelo fundo Elliott e pelas companhias aéreas Gol e Latam. Previa o fatiamento dos slots da Avianca em sete UPIs (unidades produtivas isoladas), que iriam a leilão no dia 7 de maio. As duas aéreas concorrentes se comprometeram a oferecer ao menos US$ 70 milhões por uma unidade cada.
O certame, porém, foi suspenso por decisão liminar do desembargador Ricardo Negrão, do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), a pedido da Swissport, a quem a Avianca deve R$ 17 milhões. Os desembargadores deverão analisar a legalidade do pregão em 10 de junho.
A credora busca anular o plano de recuperação judicial aprovado. Alega é ilegal vender os slots porque não são ativos da Avianca, mas sim concessões. Para Limongi, a proposta da Azul não pode ser aceita porque também propõe a incorporação de autorizações de pousos e decolagens da Avianca. Procurada, a Avianca não se manifestou até a conclusão deste texto.
Folhapress // AO