A força-tarefa de intervenção em presídios do estado do Amazonas começou nesta terça-feira (28) e terá duração de 90 dias, de acordo com portaria publicada no "Diário Oficial da União" desta quarta-feira (29).
A equipe vai atuar em presídios de Manaus onde 55 presos morreram entre domingo (26) e segunda-feira (27). O primeiro grupo da Força-Tarefa de Intervenção Penitenciária (FTIP) chegou ao estado na noite desta terça, após pedido feito pelo governador do Amazonas, Wilson Lima, ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro.
Desde o massacre de presos em 2017, integrantes da Força Nacional de Segurança Pública atuam na área externa do presídio. A segurança interna, no entanto, era de responsabilidade do governo estadual.
De acordo com a portaria do Ministério da Justiça e Segurança Pública, a FTIP deve atuar dentro das penitenciárias, apoiando atividades e serviços de guarda, vigilância e custódia de presos.
Novo massacre
Quarenta presos foram encontrados mortos dentro de cadeias em Manaus nesta segunda. Na véspera, uma briga entre presos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) já tinha deixado 15 presidiários mortos. A maioria das vítimas morreu asfixia ou golpeada por objeto perfurante. Até esta terça, 16 corpos haviam sido liberados.
Em 2017, os presídios de Manaus já tinham sido palco do maior massacre do sistema penitenciário do estado – foram 56 mortes apenas no Compaj. Naquela época, membros da Família do Norte (FDN) atacaram presos do Primeiro Comando da Capital (PCC) durante uma rebelião que durou 17 horas.
O juiz Glen Machado, titular da Vara de Execução Penal, disse que os novos confrontos ocorreram por causa de uma briga de poder dentro da FDN, que age nos presídios do Norte e Nordeste do país e domina a rota do tráfico no rio Solimões. "Não se trata de rebelião, mas de disputa interna da FDN."
O ministro Sérgio Moro, que está em Portugal, comentou a intervenção federal nos presídios do estado. "Ali resulta basicamente do fato de um certo descontrole do poder estatal em relação a essas prisões. A informação que nós temos é que houve um conflito entre facções criminosas dentro dos presídios. Isso pode acontecer, em qualquer lugar do mundo. Não deveria. Nós temos obrigação de tentar controlar esses casos específicos."
A Polícia Civil abriu um inquérito para identificar os mandantes e apurar os motivos da matança. Nesta terça, nove presos envolvidos nos crimes foram transferidos para presídios federais. Outros 20 devem ser levados para fora do estado nesta quarta. As autoridades não divulgaram os destinos deles por medida de segurança.
G1 // AO