Em meio ao mal-estar entre o governo e o Congresso, causado pela votação da reforma administrativa, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), conversou neste domingo (12) com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS).
Até então, em aceno à Câmara, o governo negociava uma indicação de Maia e de deputados para o futuro Ministério das Cidades. No entanto, neste domingo, Maia disse ao ministro que não indicará o ex-deputado Alexandre Baldy (PP) para o cargo nem apresentará outro nome. Argumentou que, se fizer isso, o governo pode acusá-lo de querer o 'toma lá, dá cá'.
Desde que o governo sofreu a derrota em relação ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), parlamentares passaram a ser alvos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro e até dos filhos do presidente, com postagens segundo as quais os políticos querem frear investigações.
Diante desse cenário, Maia disse a Onyx que não fará indicação para o Ministério das Cidades. O deputado argumentou, primeiro, que Alexandre Baldy está indo "bem" no governo de São Paulo como secretário de Transportes. Onyx, então, pediu a Maia que pensassem em outro nome. O presidente da Câmara rejeitou, acrescentando:
"Não vou indicar Baldy nem ninguém. O governo que procure outro nome. Vocês pedem para a gente indicar, depois ficam falando que é 'toma lá, dá cá'. Nunca tive cargo no governo de Temer e não preciso ter. Importante é achar alguém que coloque a política de investimentos para funcionar."
Ex-ministro das Cidades, Alexandre Baldy foi sondado por interlocutores do governo Bolsonaro para a futura vaga, que surgirá da divisão do Ministério do Desenvolvimento Regional nas pastas das Cidades e da Integração Nacional.
No entanto, na última sexta-feira (10), apoiadores de Bolsonaro passaram a divulgar um vídeo do senador Kajuru criticando Baldy. Por atribuir a movimentação a uma ação do grupo mais ideológico do presidente, Maia suspendeu as tratativas em torno do Ministério das Cidades. E tem repetido a interlocutores que o governo não quer ajudar.
'Tsunami'
Antes de se reunir com Maia, o ministro da Casa Civil disse que "não tem tsunami nenhum" e que não haverá "nada" nesta semana em Brasília.
Na semana passada, Bolsonaro participou de um evento em Brasília no qual disse que poderia haver um "tsunami" nesta semana.
"As pessoas falam muitas coisas para o presidente, ele ficou preocupado", disse Onyx sobre a frase.
O ministro da Casa Civil esteve com Bolsonaro neste domingo (12) para alinhar a pauta do Planalto desta semana. Segundo o ministro, a medida provisória da reforma administrativa deve ser colocada em votação no plenário na próxima semana.
Sobre a indicação para o Ministério das Cidades, Onyx disse que o presidente vai esperar a votação da MP e depois definirá o nome do ministro.
O futuro ministro da Integração será Gustavo Canuto, atual ministro do Desenvolvimento Regional.
Agencia Brasil // AO