O homem suspeito de ter matado um indígena em uma emboscada, há quase quatro anos, em Ilhéus, no sul da Bahia, foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) na última sexta-feira (12). De acordo com o órgão federal, Edivan Moreira da Silva, conhecido como "Van de Moreira", é acusado de homicídio consumado e homicídio tentado, ambos qualificados pela emboscada, o que dificulta ou impossibilita a defesa da vítima.
Segundo a denúncia, Edivan é o principal responsável por executar com 13 tiros o indígena Adenilson Silva Nascimento, conhecido como Pinduca, e por ferir com dois tiros a esposa da vítima, Zenaildes Menezes Ferreira, em 1º de maio de 2015, em Ilhéus, na zona rural limítrofe com Buerarema, também no sul da Bahia. Além dele, segundo o MPF, participaram do crime duas outras pessoas que não foram identificadas.
As investigações apontaram que o crime foi motivado por desavenças entre Edvan e Adenilson, em razão de disputas por terras. Não há detalhes se Edivan está preso ou se foi levado à prisão em algum momento desde o dia do crime.
Caso
De acordo com o MPF, no inquérito policial consta que, no dia do crime, Adenilson Pinduca e Zenaildes Ferreira voltavam para casa a pé, no sul da Bahia. Eles seguiam junto aos três filhos, entre eles a mais nova, de 1 ano de idade, levada no colo pela mãe.
Durante a caminhada, Adenilson foi surpreendido por um disparo de arma de fogo, caindo de joelhos. Diante da situação, os dois filhos mais velhos do casal correram e Zenaildes retornou para tentar levantar o marido, mas não conseguiu. Ao se virar para tentar fugir, com sua filha no colo, Zenaildes foi atingida por um tiro na perna direita, o que a fez cair por cima da criança.
Já no chão, Zenaildes ainda foi atingida por outro tiro nas costas. O projétil atravessou o tórax e se alojado no braço. Ela, então, permaneceu no chão, se fingindo de morta. A mulher ainda viu o marido se levantar e caminhar em sua direção, lentamente, enquanto outros tiros eram desferidos contra ele, até que caísse próximo a ela.
Em seguida, Edivan Moreira se aproximou de Adenilson e voltou a disparar contra ele à queima-roupa, quatro ou cinco vezes. Durante o crime, Zenaildes observou que três pessoas encapuzadas participavam do crime. Ela reconheceu Edivan Moreira como um deles, devido ao porte físico do homem.
Ainda de acordo com o MPF, em manifestações populares contra os indígenas da etnia Tupinambá de Olivença, realizadas em Buerarema em 2013, Edivan, que mora na mesma cidade, teria ameaçado Adenilson.
O acusado teria mandado um recado por terceiros, avisando que caso Adenilson fosse à Buerarema, iria apanhar. A inimizade aumentou após o indígena ter sido responsável pela retomada de uma fazenda, de nome Boa Esperança, causando a expulsão do antigo agricultor que trabalhava na terra (que não era dele), amigo de Edivan, e sogro do irmão dele. A partir daí, conforme testemunhas ouvidas, as ameaças passaram a ser de morte.
G1 // AO