Um ano depois da prisão de seu principal líder, o PTainda está, nas palavras de um de seus mais influentes dirigentes, numa “encruzilhada”.
O partido tenta encontrar um caminho entre a defesa da liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a construção de um projeto alternativo ao bolsonarismo para tentar voltar ao poder.
Reservadamente, os petistas admitem que Lula, de 73 anos, dificilmente voltará a disputar uma eleição. Atualmente, o ex-presidente está inelegível até 2038 com base na Lei da Ficha Limpa por causa da condenação a 12 anos e um mês de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá (SP). O líder petista ainda tem mais uma condenação em primeira instância e responde a outras seis processos.
O quadro de inelegibilidade só poderia ser revertido se os tribunais superiores anulassem a condenação de segunda instância do caso do tríplex. Poucos aliados, porém, acreditam nessa possibilidade.
Nos tribunais, a maior esperança é conseguir uma progressão para o regime domiciliar. Isso aconteceria se o Superior Tribunal de Justiça (STJ) absolvesse o petista do crime de lavagem de dinheiro, o que reduziria a pena.
Nenhuma liderança petista cogita virar as costas para Lula neste momento porque a história dele e a da sigla se confundem — e também por razões humanitárias .
Isolado em Curitiba, Lula já discordou de decisões tomadas pela cúpula do PT. No começo de março, o ex-presidente ficou contrariado com a nota da Executiva do partido divulgada para rebater Ciro Gomes (PDT), que em entrevista ao jornal “Valor Econômico” chamara a presidente petista Gleisi Hoffmann de “chefe de quadrilha”. Na avaliação de Lula, bastava um parlamentar responder ao pedetista, evitando assim institucionalizar o duelo.
O Globo// Figueiredo