Manifestantes foram às ruas neste domingo, 31, em pelo menos nove capitais, além do Distrito Federal, para participar de atos contra ou em defesa do regime militar. Em São Paulo, os manifestantes fizeram um ato e uma caminhada no Parque do Ibirapuera, na zona sul da cidade. Além de faixas e cartazes em protesto contra a ditadura, eles exibiram fotografias de mortos e desaparecidos no período do regime. Segundo a Comissão Nacional da Verdade, 434 pessoas foram mortas pela repressão militar ou desapareceram durante a ditadura – números que são contestados pelas Forças Armadas.
Também houve manifestações na Avenida Paulista, que terminaram em tumulto entre grupos rivais em frente ao prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Pelo Twitter, a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) disse que um de seus assessores teria sido atingido na cabeça e levado para um hospital. "Pregam e fazem o ódio. Mas vamos continuar comemorando o 31 de março", escreveu ela.
Duas manifestações convocadas pelas redes sociais em Brasília foram monitoradas pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal. Pela manhã, movimentos sociais e partidos políticos organizaram ato intitulado Ditadura Nunca Mais, que reuniu cerca de 450 pessoas, de acordo com a Polícia Militar.
No Rio, o protesto foi no Centro da cidade. Manifestantes vestidos de preto se reuniram na Cinelândia. Entre os participantes, havia pessoas vestidas com blusas em homenagem à vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), assassinada a tiros em março de 2018. A concentração começou nas escadarias da Câmara Municipal. Em um carro de som, políticos como os deputados federais Alessandro Molon (PSB) e Jandira Feghali (PCdoB) se revezaram nos discursos.
Também houve protesto contra o regime militar em Porto Alegre. O ato, no Parque da Redenção, foi encabeçado pela Frente Gaúcha em Defesa da Democracia. Uma caminhada feita em nome da defesa da democracia encerrou a mobilização. Neto do ex-presidente João Goulart, Christopher Goulart criticou a recomendação do presidente Jair Bolsonaro para comemorar a data. "Hoje é a data do golpe civil do Jango e é incrível que tenhamos que protestar contra ditadura pelo fato de Bolsonaro ter colocado o golpe em evidência. Parece uma provocação idiota", disse ele.
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Em Belo Horizonte, atos contra e a favor da ação do Exército que depôs Goulart aconteceram na região central da cidade, a uma distância de 2,5 quilômetros entre eles. Reunidos por sindicatos e movimentos sociais, manifestantes se reuniram na Praça Sete e fizeram uma caminhada até o antigo endereço do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), em protesto contra o golpe.
Já o ato a favor do regime militar, organizado pelo deputado estadual Coronel Sandro (PSL), foi realizado no Viaduto Helena Greco, que até 2014 se chamava Castelo Branco. Helena Greco militou contra a ditadura militar e foi a primeira vereadora eleita por Belo Horizonte. Ela morreu em 2011, aos 95 anos.
Durante a semana, Coronel Sandro usou as redes sociais para divulgar o ato, classificado por ele como "movimento cívico militar de 1964". Segundo ele, "o movimento (dos militares) foi muito importante para o Brasil". A Polícia Militar não divulgou estimativa de público em nenhum dos dois casos.
Estadão // AO