Presos nesta terça-feira (12) na Operação Lume, Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, denunciados pela morte de Marielle Franco e Anderson Gomes, serão convidados a fazer delação premiada, afirmou o governador do Rio. Wilson Witzel e a cúpula da segurança deram detalhes da ação em coletiva no fim da manhã. O ex-juiz afirmou que o "estado trouxe respostas à população".
"É uma resposta importante que nós estamos dando para a sociedade: a elucidação de um crime bárbaro cometido contra uma parlamentar, uma mulher, no exercício de sua atividade democrática. Teve sua vida ceifada de forma inaceitável. Mas muito mais ainda inaceitável porque estava exercendo seu mandato”, disse o governador.
Segundo a polícia, Lessa foi o autor dos disparos que atingiram Marielle e Anderson; Élcio dirigiu o Cobalt clonado utilizado no assassinato. Os investigadores agora tentam esclarecer quem foi o mandante e qual a motivação do crime.
Chefe da Divisão de Homicídios da Capital, Giniton Lages justificou o tempo que demorou para se chegar aos dois envolvidos. “Esse é um dia muito especial porque é um ano de investigação, um ano de comprometimento desses policiais. É preciso que a imprensa entenda que o sigilo em algumas informações é imprescindível. Jamais um profissional pode fazer uma perícia ou encontrar um dado e revelar isso", garantiu Giniton.
A polícia ainda não esclareceu quem foi o mandante das execuções e fará uma segunda fase de investigações.
Complexidade da investigação
Ainda segundo o delegado, testemunhas ajudam a solucionar a maioria dos crimes, o que não foi possível neste caso – uma vez que a execução em si foi meticulosa.
“Não estamos diante de um crime passional. Não se trata disso. Percebemos isso desde o início. Determinados casos, pela complexidade, não vão fechar rápido. Foi necessário se concentrar no que aconteceu antes do crime”, explicou Giniton, destacando que o inquérito tem 29 volumes de 200 a 230 folhas, cada.
Ainda de acordo com o delegado, os autores permaneceram dentro do veículo esperando por Marielle por duas horas.
“Em momento nenhum saíram do carro. Não saíram do veículo nem na hora do assassinato", frisou Giniton.
"A dinâmica mostra que esse era um crime fora do normal", emendou o delegado. "Em 80% dos casos, os assassinos são solucionados por meio de testemunhas – e isso não seria possível nesse caso”, garantiu o delegado, enfatizando que Ronnie é um policial reformado que passou Batalhão de Operações Especiais (Bope), considerado a tropa de elite da PM do RJ.