Chefe da Casa Civil do governo de Sérgio Cabral, no Rio de Janeiro, o advogado Régis Fichtner foi preso na manhã desta sexta-feira (15) em mais uma fase da Lava Jato no Rio de Janeiro. Fichtner foi, entre 2007 e 2014, um dos homens mais importantes integrantes do secretariado de Cabral.
O outro preso nesta manhã é o coronel da Polícia Militar Fernando França Martins, de 69 anos. O policial é apontado pelos investigadores como operador de Fichtner e uma espécie de segurança de Regis Fichtner.
O policial foi detido por policiais federais em casa, no bairro da Tijuca, na Zona Norte do Rio.
A Polícia Federal cumpre ainda oito mandados de busca e apreensão.
De acordo com os investigadores, Regis Fichtner movimentou muito mais dinheiro do que o R$ 1,6 milhão descoberto pela Lava Jato no RJ e que possibilitou a sua primeira prisão.
As novas investigações, que levaram à prisão de Fichtner nesta sexta-feira, mostram que em sete datas, durante o ano de 2011 e 2012, por exemplo, o coronel Fernando Martins entregou a Regis, segundo os investigadores, R$ 1,7 milhão.
Em 2014 e 2016, houve a transferência de R$ 725 mil do coronel para Fichtner.
“A manutenção de Régis Fichtner solto permitiria a dilapidação patrimonial, lavagem e ocultação de bens fruto de práticas criminosas”, argumentam os procuradores da República integrantes da força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro.
Fichtner já havia sido preso em um desdobramento da Lava Jato. A Operação C’est fini (é o fim, em francês), em novembro de 2017, levou o secretário e mais quatro pessoas para a cadeia. Contra Fichtner pesava a suspeita de ter recebido propina de R$ 1,6 milhão. Um habeas corpus o soltou uma semana depois.
Em junho de 2018, a TV Globo mostrou trechos da delação de Carlos Miranda, apontado pela Justiça como operador de Sérgio Cabral. Nos depoimentos, Miranda revelou que o grupo criminoso usou até helicóptero para transportar propina. Régis estava na lista dos que recebiam prêmios da federação das empresas de ônibus do RJ (Fetranspor), segundo o delator.
Na época, em depoimento à CPI dos Transportes na Alerj, Fichtner disse que Miranda estava desesperado. “Responde a mais de 20 processos e provavelmente vai ser condenado a 200 anos de e,prisão. É uma mentira, um absurdo total desprovido de qualquer prova", afirmou.
Em audiências anteriores, ex-secretários apontaram a Casa Civil como a principal responsável pela gestão de obras, como a da Linha 4 do metrô. Fichtner negou ter conhecimento, à época, de desvios e disse que sua função era entregar a obra a tempo da Olimpíada.
G1 // AO