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Polícia culpa 3 coordenadores de ocupação por incêndio e queda de prédio que matou 7 em São Paulo

Trio cobrava dinheiro dos moradores sem garantir segurança do local.

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Prédio desaba durante incêndio no Centro de SP â?? Foto: Reprodução/TV Globo

A Polícia Civil concluiu e relatou à Justiça o inquérito sobre as causas e eventuais responsabilidades pelo incêndio e desmoronamento do edifício Wilton Paes de Almeida, que deixou sete moradores mortos e dois desaparecidos na madrugada de 1º de maio de 2018, no Centro de São Paulo. Nesta sexta-feira (1º) o caso, que repercutiu internacionalmente à época, completa nove meses.

A principal hipótese é a de que um curto-circuito no quinto andar causou o fogo que colapsou a estrutura de 24 andares, fazendo-a ruir por completo no Largo do Paissandu (saiba mais abaixo). A TV Globo gravou o desabamento e o drama das vítimas (veja nessa reportagem).

De acordo com o relatório final da investigação, obtido nesta semana pelo G1, três coordenadores da ocupação irregular foram responsabilizados criminalmente por suspeita de não tomarem medidas de segurança para evitar o risco de incêndio.

Nireudes de Jesus Oliveira, o genro dela, Hamilton Coelho Resende, e Ananias Pereira dos Santos, todos do Movimento de Luta Social por Moradia (MLSM), foram indiciados por “crimes de perigo comum” ou “incolumidade pública”, previstos nos artigos 250 e 256 do Código de Processo Penal.

O trio responderá em liberdade por “incêndio, desabamento ou desmoronamento”. Numa eventual condenação, as penas previstas podem variar de seis meses a seis anos de prisão.

Nireudes, Hamilton e Ananias foram acusados por sobreviventes de cobrarem dinheiro dos moradores como taxas de manutenção, conservação e limpeza do "prédio de vidro", como o local era conhecido.

Mas, apesar desse investimento financeiro, testemunhas contaram à polícia que o edifício não dispunha de extintores de incêndio para uma eventual emergência. Além disso, foram relatados casos anteriores de curtos-circuitos por conta das instalações elétricas clandestinas, chamadas de "gatos".

O documento feito pelo 3º Distrito Policial (DP), na Santa Ifigênia, foi finalizado no ano passado, mas o G1 só teve conhecimento dele recentemente (veja abaixo trechos do relatório). Esse inquérito policial foi relatado e encaminhado à Justiça estadual de São Paulo. O Ministério Público (MP) analisará o inquérito e dirá se concorda ou não com a conclusão policial, oferecendo ou não a denúncia contra os três coordenadores à Justiça.

Outros cinco inquéritos estão em andamento envolvendo o prédio: outro na esfera estadual e quatro na federal, já que o edifício pertencia à União (saiba mais abaixo).

O G1 entrou em contato na quinta-feira (31) com a defesa de Nireudes, Hamilton e Ananias para que ela se posicionasse sobre o indiciamento de seus clientes por parte da Polícia Civil. Até esta manhã, no entanto, os advogados ainda não haviam respondido.

G1 // AO