Morreu na tarde desta quinta-feira, 27, Maria Stella de Azevedo Santos, de 93 anos, conhecida como Mãe Stella de Oxóssi, ialorixá do terreiro Ilê Axé Opó Afonjá, em São Gonçalo do Retiro, em Salvador. Ela estava internada desde o último dia 14, no Hospital Incar, em Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo baiano, por causa de uma infecção.
Por meio de nota na redes sociais, a prefeitura de Nazaré das Farinhas, também no Recôncavo, informou na noite desta quinta que o corpo de Mãe Stella já se econtra no Salão Nobre da Câmara de Vereadores, onde está sendo velado. O sepultado está previsto para esta sexta, às 16h, no Cemitério Nosso Senhor dos Aflitos, daquela cidade.
Mãe Stella havia dado entrada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), porém, no dia seguinte, foi transferida para o quarto. Segundo o último boletim de saúde, a ialorixá possuía um quadro estável. A última vez que a sacerdotisa tinha sido internada foi em novembro de 2017, quando passou seis dias no Hospital da Bahia, em Salvador. À época, apresentava fortes dores de cabeça e hipertensão arterial.
No dia 18 deste mês, surgiram boatos que de que a ialorixá havia morrido. A mesma informação foi desmentida pelo presidente da Sociedade Cruz Santa do Afonjá e administrador do terreiro Ilê Axé Opó Afonjá, Ribamar Daniel.
Memória
Nascida em 2 de maio de 1925, em Salvador, a ialorixá foi articulista do Jornal A TARDE em 2011 e escreveu quinzenalmente na página de Opinião até o fim de 2014, quando anunciou, em artigo, que deixaria de publicar de forma fixa, permanecendo no entanto como colaboradora eventual.
Sacerdotisa desde 1976 do Ilê Axé Opó Afonjá, um dos candomblés mais tradicionais do Brasil, de nação nagô-ketu, Mãe Stella também foi atuante no blog Mundo Afro, do Portal A TARDE. Graduada em Farmácia pela Escola Bahiana de Medicina, em 2009, ela recebeu o título de Doutora Honoris Causa da Universidade do Estado da Bahia (Uneb).
Em 2013, a Ialorixá foi eleita imortal da Academia de Letras da Bahia (ALB). Ele ocupou a cadeira 33 (Poltrona Castro Alves), que era do professor e historiador Ubiratan Castro, falecido em janeiro do mesmo ano. Foi a primeira vez que uma mãe de santo ocupou uma cadeira da entidade máxima da literatura baiana.
Nova vida
Mãe Stella, que vivia com a companheira Graziela Dhomini, mudou-se de Salvador em março de 2017 para Nazaré das Farinhas após sofrer um AVC, quando perdeu quase toda a visão, e se locomovia com a ajuda de uma cadeira de rodas.
A piora em seu estado de saúde abriu uma guerra silenciosa em torno da sua sucessão. Atualmente, pelo menos cinco grupos movimentam-se para suceder Mãe Stella, que não preparou nenhum nome natural ao posto.
A Tarde/// Figueiredo