Em depoimentos prestados ao Ministério Público Federal (MPF) e à Polícia Federal (PF), o ex-ministro Antônio Palocci disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pressinou dirigentes de fundos de pensão para investirem em uma empresa criada para construir navios-sonda da Petrobras.
O objetivo, segundo ele, era arrecadar dinheiro para campanhas do Partido dos Trabalhadores (PT).
Um dos assuntos que Palocci tratou nos depoimentos foi uma suposta atuação criminosa do ex-presidente no projeto de nacionalização da indústria naval e na arrecadação de fundos para campanhas eleitorais, principalmente na eleição de Dilma Rousseff, em 2010.
O ex-ministro afirmou que Lula e Dilma teriam determinado indevidamente a dirigentes dos fundos de pensão do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e da Petrobras, indicados aos cargos pelo PT, que injetassem dinheiro no "projeto sondas".
Esse projeto resultou na criação da empresa Sete Brasil, que construiria navios-sonda para explorar o pré-sal.
Palocci disse que as ordens de Lula eram cumpridas e que os presidentes dos fundos de pensão eram cobrados a investir sem analisar.
Segundo a reportagem, a PF levantou dados que corroborariam as informações de Palocci, indicando que prazos, estudos técnicos e de apontamentos de riscos e prejuízos foram ignorados.
O ex-ministro afirmou também que, ao cumprir as exigências de Lula, todos os envolvidos sabiam que estavam ignorando critérios internos dos fundos de pensão que comandavam e que aquelas operações também geravam propinas ao PT.
Palocci teria fornecido informações para que a PF confirme as reuniões de Lula com os então dirigentes dos fundos.
O ex-ministro disse que os dirigentes dos fundos de pensão pediram que ele interferisse para diminuir a pressão de Lula e Dilma.
Ainda de acordo com o ex-ministro, Lula reagia muito mal e falava: "Quem foi eleito fui eu. Ou eles cumprem o que eu quero que façam ou eu troco os presidentes".
Palocci está preso deste outubro de 2016. O ex-presidente foi preso em abril deste ano depois de ser condenado em segunda instância no caso do triplex de Guarujá (SP).
G1//// Figueiredo