Faltando um pouco mais de 30 dias para o final do ano e sem organização do futuro do governo para assumir a responsabilidade, não há mais força para votar a reforma da Previdência, disse nesta quinta-feira (22), o presidente da Câmara, Rodrigo Mais (DEM-RJ).
"Não há mais força política para a construção de uma votação de 308 votos com metade do Parlamento derrotado", disse Maia.
Segundo Maia, as prioridades de votação do Congresso ainda neste ano são o projeto de securitização das dívidas dos estados e a regra sobre agências reguladoras.
Caso continue na presidência da Câmara, Maia disse que gostaria de ver reforma da Previdência e a nova lei de licenciamento ambiental aprovadas. Disse ainda que o texto do economista Bernard Appy é a referência para o debate de reforma tributária no início de 2019.
"Mas não adianta fazer reforma da Previdência sem compreender que professor e policial sãos os principais problemas dos estados. E que não é fácil organizar a reforma das Forças Armadas, que é por lei complementar", disse.
Maia negou que as três nomeações do DEM para cargos no próximo governo (Teresa Cristina, na Agricultura, Onyx Lorenzoni, na Casa Civil, e Luiz Henrique Mandetta, na Saúde) sejam nomeações do partido.
"O DEM não tem nenhum ministério no governo", afirmou. Lorenzoni, disse ele, é escolha pessoal do presidente. Teresa Cristina é um grande quadro do DEM, mas foi levada ao Bolsonaro pelo Alceu Moreira que, em tese, é candidato a presidente Câmara pelo MDB e da bancada do agronegócio. "E o Mandetta quem levou foi o apoio da bancada médica", disse.
Ele disse que faz parte do jogo tentar tumultuar uma eventual candidatura sua à presidência da Câmara alegando que o partido tem três ministérios. Maia disse que gostaria de ficar no posto, mas ressaltou que a eleição é uma construção difícil. "Ainda mais agora. Os partidos todos perderam votos. E tem a necessidade de construir um bloca de 10 a 12 partidos e isso não se constrói da noite para o dia".
Ao falar das bancadas temáticas no Congresso, alertou: "tem que tomar cuidado para que não prevaleça na relação as bancadas corporativas."
MORO
Para Rodrigo Maia, Bolsonaro toca a agenda que o levou à presidência e, se ele está certo ou errado, o tempo vai dizer.
Essa foi a sua avaliação sobre defesas polêmicas do futuro presidente, como a proposta de mudança da embaixada em Israel, que já estremeceu a relação comercial com países como o Egito.
"Até o ministro das Relações Exteriores vai na linha do que ele prometeu", disse Maia, que admitiu que votou em Bolsonaro no segundo turno "pela agenda econômica do economista Paulo Guedes."
Com relação à nomeação do ex-juiz Sergio Moro ao Ministério da Justiça, Maia disse que foi simbolicamente importante. Para ele, foi "uma grande sacada, mostrando que Bolsonaro de fato vai implementar o que prometeu na campanha."
Moro, no entanto, não assustaria mais o Congresso porque não é mais juiz, disse. Quanto ao aumento salarial concedido ao STF, Maia disse ser correto "ter prudência e a união de todos os poderes pela reforma da Previdência para preservar o valor da nossa moeda e dos nossos salários."
"Graças a deus que esse aumento passou pela Câmara antes de eu ser presidente. Não pautar, mesmo sendo contra, seria um desrespeito ao outro poder."
Folhapress// AO