Na manhã desta quinta-feira (10), alunos e estudantes do Instituto Federal da Bahia (Ifba) realizaram um protesto. Eles se reuniram em assembleia na reitoria do campus no Canela, e saíram em caminhada até o Campo Grande. Os manifestantes alegam injustiça na expulsão de cinco alunos e suspensão de outros 14, que foram acusados de terem ameaçado fisicamente servidores da instituição. As expulsões ocorreram em agosto de 2015.
Uma das alunas expulsas, a estudante de Eletrotécnica Lígia Bitencourt diz que as medidas que a gestão do Instituto vêm tomando são "um reflexo nítido de uma postura ditatorial, muito parecida com a que estudantes sofreram na época da ditadura militar, uma vez que perseguições políticas e repressão a todo e qualquer movimento viraram práticas corriqueiras da atual gestão".
"O Ifba representa uma possibilidade de ascensão social, pois é uma instituição que profissionaliza ainda no Ensino Médio e a maioria de seus alunos, inclusive os que foram agora expulsos, é negra e de classe social baixa. Essa atitude de represália atingiu uma rede de familiares que depositava nesses alunos uma possibilidade de mudança de vida", acrescenta Lígia.
Segundo a professora de psicologia, Rosângela Castro, a gestão Ifba é autoritária e pune todos que não seguem a linha desejada. "Na realidade os servidores também estão na mesma situação dos estudantes. Muito de nós estamos respondendo a processos administrativos, assim como os Estudantes por disciplinares". disse Rosângela.
Entenda o caso
No dia 7 de dezembro de 2014, alunos do Ifba realizaram uma festa em Camaçari, em comemoração ao fim de ano, com a autorização das reitorias Geral, de Ensino e Administrativa. No dia seguinte, durante a limpeza do local, um reitor abriu a sala do grêmio estudantil e alegou ter encontrado garrafas de bebidas alcoólicas e resíduos de cigarros de maconha.
A diretoria do campus interditou o acesso dos estudantes ao grêmio. À época, numa tentativa de se reunir com o diretor, cerca de 60 alunos resolveram ocupar a sala do gestor em protesto. Alguns servidores da unidade enviaram à reitoria um documento no qual alegavam terem sido ameaçados pelos estudantes durante o ato. As aulas acabaram sendo suspensas de 5 a 21 de fevereiro deste ano.
A equipe de reportagem tentou contato com a reitoria do Ifba, mas até a publicação dessa matéria não havia obtido êxito.
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