A Polícia Federal instaurou nesta terça-feira (23) inquérito a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, para investigar a publicação na internet de um vídeo com ofensas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), entre os quais Rosa Weber, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Dodge informou que quer apurar se houve crimes de calúnia, difamação, injúria e ameaça. A PGR solicitou ainda que a PF faça a identificação do autor do vídeo e ouça o depoimento dele.
No vídeo, uma pessoa que se intitula coronel Carlos Alves afirma que, se o TSE aceitar ação contra o candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, irá sofrer as consequências.
"Se aceitarem essa denúncia ridícula e derrubarem Bolsonaro por crime eleitoral, nós vamos aí derrubar vocês aí, sim", diz no vídeo.
Para Raquel Dodge, a manifestação no vídeo, com duração de 28min59seg, "contém graves ofensas à honra da ministra Rosa Weber, imputando-lhe tanto fatos definidos, em tese, quanto conduta criminosa, além de difamar-lhe a reputação, mediante imputação de fatos extremamente ofensivos".
"Neste grave contexto de ofensa às Instituições democráticas e a seus integrantes, notadamente ao Supremo Tribunal Federal e ao Tribunal Superior Eleitoral, também vislumbro a caracterização, em tese, do crime de ameaça aos Ministros dessas Cortes, principalmente à Ministra Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, além de outras pessoas referidas no citado vídeo", escreveu Dodge em requisição enviada ao ministro Raul Jungmann, da Segurança Pública.
Mais cedo, a Segunda Turma do Supremo aprovou por unanimidade requerimento para a PGR investigar a questão.
No início da sessão, o decano (mais antigo ministro) do tribunal, ministro Celso de Mello, pediu a palavra para criticar o vídeo. Segundo ele, o vídeo ofendeu a honra da ministra, que tem "honorabilidade inatacável" com "palavras grosseiras e boçais".
De acordo com Celso de Mello, alguns cidadãos abusam dos privilégios da liberdade de expressão. Para o ministro, o vídeo foi um "ultraje inaceitável" ao Supremo.
Segundo o Exército, o homem que aparece nas imagens é coronel Carlos Alves, engenheiro militar da reserva. À TV Globo, o Comando do Exército informou ter pedido investigação do caso ao Ministério Público Militar.
G1 // AO