Economia

Dólar volta a subir frente ao real com exterior conturbado e mau humor interno

O mercado reverteu o bom humor nesta quarta-feira, 10, e o câmbio, que chegou aos R$ 3,71 na terça-feira, voltou a subir e renovou sucessivas máximas próximo do fechamento.

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Dólar volta a subir frente ao real com exterior conturbado e mau humor interno

O mercado reverteu o bom humor nesta quarta-feira, 10, e o câmbio, que chegou aos R$ 3,71 na terça-feira, voltou a subir e renovou sucessivas máximas próximo do fechamento. O dólar terminou cotado a R$ 3,7631, alta de 1,28% em uma mescla de mau humor com a situação política e, sobretudo, impactado pelo cenário internacional, com dados mais fortes da economia americana e um movimento de alta dos títulos americanos. Apesar da alta, o câmbio acumula uma queda de 2,41% na semana e de 7,11% no mês.

Segundo operadores ouvidos pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, a deterioração externa teria consolidado um mau humor já existente na abertura do mercado, após o candidato à Presidência da República pelo PSL, Jair Bolsonaro, ter suavizado sua proposta de privatização de estatais na noite de terça. Com isso, as ações das estatais, que subiam desde o fim da semana passada, caíram significativamente. O destaque é para as ações da Eletrobras, que fecharam com queda de 9,21% (ON) e 8,36% (PN).

“Já existia uma perspectiva de começar o dia com um pequeno mau humor por conta das eleições. Mas isso explicaria apenas uma parte pequena, 30% desse movimento. O mercado de hoje (quarta) foi um reflexo do cenário externo, lá fora foi um banho de sangue”, aponta o economista da Nova Futura corretora, Pedro Paulo Silveira.

A melhora nos indicadores americanos, sinalizando que mais altas de juros virão pela frente, e o consequente aumento da aversão a risco dos investidores levaram ao fortalecimento do dólar ante moedas emergentes. A moeda americana tinha alta em relação às divisas argentina, russa, mexicana e chilena. A exceção é a lira turca: o dólar tinha viés de queda ante a moeda da Turquia, com recuo de 0,50%.

Silveira aponta que a grande preocupação é com o movimento de alta dos Treasuries. Na máxima, o título do Tesouro americano de 10 anos teve taxa de 3,241%, o maior nível em sete anos. “O receio é que se consolide um ciclo de alta fora de controle”, explica.

Além disso, o mercado opera em expectativa pela pesquisa Datafolha que será divulgada na noite desta quarta, às 19h. Esta será a primeira pesquisa pós primeiro turno. O mercado aposta em uma replicação do cenário visto nas urnas do primeiro turno, com vantagem considerável de Bolsonaro sobre o petista Fernando Haddad. “A taxa de R$ 3,70 foi euforia, e a depender dos rumores, podemos voltar ao patamar de R$ 3,80/ 3,85”, aponta a estrategista de câmbio Fernanda Consorte, da Ourinvest, em relatório a clientes.

Em dia de mercado mais estressado lá fora e com aumento da aversão ao risco, o Credit Default Swap (CDS), derivativo de crédito que protege o investidor contra calotes na dívida soberana, do Brasil subiu para 231 pontos, ante 221,39 do fechamento de terça, quando chegou ao menor nível desde o início de agosto, de acordo com cotações apuradas pela Markit, considerando os contratos de 5 anos.

Estadão // AO