Em um ato de mulheres que virou uma manifestação contra o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), líder nas pesquisas de intenção de voto, o candidato do PT ao Planalto, Fernando Haddad, fez sinalizações ao eleitorado feminino e um novo aceno ao centro ao falar de "serenidade" e ouvir empresários "sem preconceito".
Haddad está em segundo lugar nas sondagens para o primeiro turno e, conforme o Ibope, empata com Bolsonaro entre o eleitorado feminino.
No ato, militantes discursam contra Bolsonaro usando a expressão "ele não" e disseram que Haddad e Manuela D'Ávila (PCdoB) vão ampliar as políticas para o público feminino, se eleitos.
No palanque, montado em um caminhão de som em frente ao Teatro Municipal, Haddad fez um discurso nos moldes de falas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sem citar o nome de Bolsonaro. "Se eu já tava com muita vontade de promover política para mulheres um mês atrás, hoje minha vontade tá multiplicada por mil em função do que tem acontecido na campanha eleitoral", disse o candidato, que afirmou desejar "estender o tapete vermelho" para mulheres no Planalto.
Ao conversar com jornalistas, Haddad disse que tem uma "meta de paridade" em ministérios, cargos comissionados e conselhos. Ele não confirmou, porém, se a proposta era garantir paridade no alto escalão. "A meta é a paridade, isso significa que há um objetivo a ser perseguido." Além disso, falou em estabelecer um selo de qualidade para certificar empresas que ampliem oportunidades para mulheres.
Ele foi questionado sobre o avanço de Jair Bolsonaro (PSL) no eleitorado antipetista. "O que vai garantir o sucesso das campanhas é apresentar propostas para o Brasil com serenidade, o Brasil está precisando de paz e serenidade", disse o petista na resposta. Ele completou prometendo "espírito aberto para ouvir a sociedade, movimentos populares e ouvir os empresários sem preconceito".
Questionado sobre o movimento ao centro, Haddad disse que "à democracia" fará todos os acenos necessários.
Ato. No caminhão de som, havia mais candidatos homens. Ana Bock, candidata a vice-governadora em São Paulo, e Manuela subiram no veículo, onde estavam Haddad, o candidato ao governo paulista Luiz Marinho e os concorrentes ao Senado Eduardo Suplicy e Jilmar Tatto.
Antes de falarem, Haddad e Luiz Marinho estavam na frente das candidatas mulheres, mas deram lugar a Ana Estela, esposa de Haddad, Manuela e à candidata a vice-governadora Ana Bock. O candidato a senador Eduardo Suplicy continuou ocupando lugar na frente.
"Ele não", discursou Ana Estela ao afirmar que foram os governos do PT que mais "olharam" para as mulheres. Em sua fala, Marinho também discursou contra Bolsonaro, sem pronunciar o nome do candidato do PSL. "O coiso não. Vamos ganhar juntos para governar juntos e garantir a participação das mulheres no governo", disse.
Na hora em que os militantes gritaram "ele não", Manuela e Suplicy acompanharam em coro. Haddad ficou sorrindo. "Ele não e eles que não amam o Brasil, que não amam o nosso povo, também não", discursou Manuela.
Caminhada. Antes dos discursos, Manuela, Ana Estela e Ana Bock fizeram uma caminhada com mulheres entre as praças da República e Ramos de Azevedo, na região central da capital paulista, em um ato chamado de "Primavera das Mulheres".
Após receber ameaças nas redes sociais e pedir segurança à Polícia Federal, Manuela reforçou seu entorno de seguranças com um profissional que trabalha com ela no Rio Grande do Sul. A segurança, no entanto, é insuficiente e a candidata aguarda resposta da solicitação feita à PF, diz sua assessoria.
Na caminhada, mulheres fizeram um cordão ao redor das candidatas. Manuela tirou fotos e acenou para eleitores. Um deles era simpatizante do candidato do PDT, Ciro Gomes. "Eu voto no Ciro, mas gosto dela. Se ela fosse vice dele, seria muito melhor", disse ao Broadcast Político o estudante Igor Andrade Guimarães, de 21 anos.
Estadão // AO