O promotor de Justiça Davi Gallo, um dos representantes do Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) designados pela Procuradoria-Geral do Estado para atuar no inquérito policial que investiga a morte de Márcio Pérez, assassinado por policiais militares durante uma perseguição, em Salvador, afirmou, nesta terça-feira (25), em entrevista à TV Bahia, que há pontos levantados pela investigação que precisam ser esclarecidos.
"Segundo relatos, a abordagem foi feita com o giroflex – as luzes da viatura – desligadas. A notícia que foi levada ao hospital foi a de que tratava-se de um acidente, mas não foi um acidente. O médico constatou que ele foi alvejado na nuca. Tem coisas que têm que ser esclarecidas", afirmou.
Gallo ressaltou, ainda, ter convicção de que o homem foi vítima de um homicídio. "Eu posso dizer, pelo que já se apurou até agora, que trata-se de um homicídio. Vamos acompanhar todos os passos. Não tenho dúvidas, foi um homicídio, sim", disse durante entrevista ao repórter Vanderson Nascimento.
De acordo com o promotor, há contradição nas versões dos policiais militares, que prestaram depoimento na segunda-feira (24), e a da mulher que estava no veículo junto com Márcio no momento do crime.
"Nós estamos investigando o que levou aqueles policiais a estarem tão distantes da localização de sua companhia. A guarnição tinha dois policiais apenas. Geralmente, as guarnições são compostas por três policiais. Isso foi uma coisa que me chamou atenção desde o primeiro dia. Se estavam em uma perseguição, por que não pediram apoio?", questionou o promotor.
Gallo afirmou, ainda, que a forma com que Márcio foi abordado pelos policiais e a justificativa dada pelos agentes na chegada da vítima à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Marback, no Imbuí também levantaram suspeitas.
Segundo o promotor de Justiça, outras testemunhas deverão ser ouvidas nos próximos dias. Está prevista, ainda, a realização da reconstituição do crime, ainda sem data definida.
"Não existe nenhuma linha de investigação que tenha sido ignorada, se há uma abordagem equivocada, ou se é um crime de mando", afirmou.
G1 // AO