A candidata da Rede à Presidência da República, Marina Silva, disse nesta quarta-feira (19) que vetaria a legalização do aborto caso o tema fosse aprovado pelo Congresso. Ela foi questionada sobre o assunto em uma entrevista organizada pela revista "Veja".
Hoje, o aborto não é considerado crime em três hipóteses: se a gravidez for ocasionada por estupro; se o feto for anencéfalo; se houver risco à vida da mãe.
Marina disse que, para aumentar as possibilidades de legalização, deveria ser feito uma consulta à população por meio de um plebiscito.
"Se o Congresso decidir [legalizar o aborto], eu vetaria", disse a candidata, após ser questionada pela entrevistadora se vetaria uma eventual legalização do aborto aprovada por parlamentares.
"Se for para ampliar para além disso [as hipóteses de aborto legal], que seja por um plebiscito. Que 513 deputados e 81 senadores não substituam 200 milhões de brasilieros", disse Marina.
Disputa eleitoral
Marina foi questionada também se abriria mão da candidatura para fortalecer um eventual aliado de centro.
Pesquisa Ibope divulgada na terça-feira (18) mostrou Marina com 6% das intenções de voto. Jair Bolsonaro (PSL) tem 28%; Fernando Haddad (PT) tem 19%; Ciro Gomes (PDT) tem 11%; Geraldo Alckmin (PSDB) tem 7%.
Nos últimos dias, analistas políticos começaram a discutir se eleitores adotariam o chamado "voto útil" já no primeiro turno. Ao optar pelo "voto útil", o eleitor vota visando derrotar um candidato que rejeita, mesmo que isso signifique não votar em seu candidato preferido.
Marina disse que, numa eleição de dois turnos, o primeiro turno é feito para que cada eleitor escolha o candidato "do coração". Ela criticou o que chamou de tentativa de transformar o primeiro turno em um plebiscito.
"No Brasil, querem fazer uma eleição plebiscitária. As pessoas olham para as pequisas e dizem para os eleitores: 'Agora vocês são apenas um detalhe. Fiquem em casa e nós vamos decidir aqui em quem vocês vão votar no dia 7'. Eu não concordo com isso", disse a candidata.
Sem citar nomes de candidatos, Marina também criticou duas alternativas que, segundo ela, foram colocadas diante dos eleitores: o "saudosismo autoritário" e a "conivência com a corrupção".
"As candidaturas têm que continuar fazendo seus diálogos, apresentando seus projetos, esclarecendo para as pessoas que nós não temos que ficar entre o saudosismo autoritário e a ideia de conivência com a corrupção", disse Marina.
"Que país queremos para nosso filhos? Um país que banaliza a corrupção? Um país que banaliza a violência?", completou.
G1 // AO