Um homem, apontado como afegão, está hospitalizado sob custódia policial, depois de ter ferido no domingo à noite sete pessoas, incluindo quatro gravemente, com uma faca e uma barra de ferro, em Paris.
“Não há nada nesta fase que indique a natureza terrorista dessas agressões”, informou uma fonte próxima à investigação.
Aberta por tentativa de homicídio doloso, a investigação foi confiada à polícia judiciária pela Procuradoria de Paris, cuja seção antiterrorista segue “muito de perto a situação”, segundo uma fonte judicial.
De acordo com uma fonte próxima ao caso, o suspeito, cuja identidade está sendo verificada, seria um afegão nascido em 1987.
Os fatos ocorreram pouco antes das 23h00 (18h00 no horário de Brasília) no cais do canal Ourcq, no 19º arrondissement, no norte de Paris.
O homem “atacou pessoas desconhecidas na rua”, disse uma fonte próxima à investigação.
Sete pessoas ficaram feridas, incluindo quatro gravemente, a facadas e a golpes de barra de ferro, segundo a fonte.
Entre as vítimas estão dois turistas ingleses na casa dos cinquenta anos e um turista egípcio na faixa dos 40 anos, além de um morador do bairro, nascido em 1994.
O suspeito foi preso por uma equipe da Brigada Anticrime (BAC) depois de ter sido desarmado por testemunhas. Ele foi transportado inconsciente para o hospital, segundo a polícia.
Colocado sob custódia, segue hospitalizado por causa de seu estado de saúde.
De acordo com o vigia de um cinema próximo, que viu o fim do ataque, o homem já havia agredido pessoas e foi perseguido por dois homens que tentavam prendê-lo. “Ele tinha uma barra de ferro na mão e jogou contra seus perseguidores, depois pegou uma faca”, afirmou a um jornalista da AFP.
Youssef Najah, de 28 anos, estava caminhando no cais do Loire, perto de um campo de petanca (jogo popular na França que lembra a bocha), quando viu um homem “correndo com uma faca de 25 cm a 30 cm na mão”.
“Tinha umas vinte pessoas perseguindo ele, elas jogavam bolas de petanca (de metal) nele. Ele levou quatro ou cinco bolas na cabeça, mas não conseguiram pará-lo”.
De acordo com a polícia, uma testemunha atingiu o agressor na cabeça com uma dessas bolas.
Ainda segundo Najah, o homem em seguida correu para um beco sem saída e “tentou se esconder atrás de dois turistas ingleses. Alertaram eles: cuidado, ele tem uma faca. Mas eles não reagiram”.
Estes turistas foram então agredidos, assim como uma testemunha.
Em Londres, o ministério das Relações Exteriores confirmou em comunicado citado pela mídia que “dois britânicos estavam entre as pessoas visadas”, sem dar mais detalhes.
O ministro do Interior, Gerard Collomb, elogiou em uma declaração “a grande reatividade e coragem demonstrada por vários cidadãos”.
As agressões da noite deste domingo remetem a outros ataques com armas brancas ocorridos nos últimos meses na França – embora a suspeita de terrorismo tenha sido derrubada na maioria dos casos.
Em 23 de agosto, em Trappes, um subúrbio de Paris, um homem com uma faca matou sua mãe e sua irmã e feriu gravemente uma terceira pessoa. As autoridades se referiram ao ato de um “desequilíbrio” em vez de um ataque terrorista, apesar de uma reivindicação do grupo extremista Estado Islâmico.
Poucos dias antes, em 13 de agosto, um jovem afegão demandante de asilo feriu quatro pessoas, uma delas gravemente, com uma faca, no centro de Perigueux (sudoeste). A suspeita de terrorismo foi descartada “muito rapidamente” pelos investigadores.
No dia 20 de junho, em Tours (centro), um homem que ameaçou transeuntes com uma faca em uma ponte de pedestres foi preso. A Justiça descartou novamente a possibilidade de terrorismo.
Em 17 de junho, uma mulher com véu feriu levemente duas pessoas com um estilete em um supermercado perto de Toulon (sul), gritando “Allah Akbar” (“Deus é grande”).
AFP // ACJR