Renegado pelo candidato à Presidência de seu próprio partido, o presidente da República, Michel Temer, afirmou nesta quarta-feira, 29, que "será inevitável" Henrique Meirelles (MDB) levar para sua campanha o período em que foi seu ministro da Fazenda.
Em entrevista à Rádio Jornal de Pernambuco, Temer disse também que o fato de Meirelles escondê-lo na propaganda eleitoral e destacar o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, de quem foi presidente do Banco Central, inclusive com imagens do petista, não o incomoda.
"Nem respondo se ele vai ou não. Eu digo que é inevitável. Ele foi escolhido por mim como ministro da Fazenda e, com o meu beneplácito, ele montou uma grande equipe econômica. … Ele não tem como dizer que não participou do meu governo. Aliás, ele tem dito, embora se exiba bastante com a história de que foi presidente do Banco Central no tempo do Lula e é verdade, fez um belíssimo trabalho, mas agora também ele coloca que foi ministro da Fazenda", afirmou Temer.
Questionado sobre o fato de Meirelles citar Lula em sua campanha e não falar nada sobre sua participação no seu governo, o presidente disse não se incomodar com a questão.
Temer é o presidente com o maior índice de rejeição da história do País. Ele tem apenas 4% de aprovação entre a população. Já Lula, mesmo preso em Curitiba por ter sido condenado na Lava Jato, tem liderado as pesquisas de intenção de voto. Por isso, candidatos ao Palácio do Planalto tem preferido mostrar ao eleitor que estão mais próximos ao petista.
Durante a entrevista, no entanto, Temer afirmou que foi alvo de uma campanha contra ele e seu governo, principalmente com o foco moral, e que isso teria assustado as pessoas. "Então, nós temos que ter, digamos assim, a ousadia de ficar um pouco acima dos acontecimentos. Você não pode se envolver com esses acontecimentos menores desde que você tenha a sua consciência tranquila e saiba o que você fez no passado e o que fez no presente", disse em uma indireta a Meirelles.
Questionado se seu candidato é o ex-ministro, Temer afirmou positivamente, mas destacou que não irá fazer campanha para ele porque, como presidente da República, está impedido legalmente.
Diante da pergunta feita sobre se ele votaria em Meirelles, mesmo que o candidato não quisesse seu voto, Temer riu e disse que se o ex-ministro falar isso, ele consultaria os apresentadores do programa.
Temer afirmou ainda que integrantes de outras campanhas à Presidência têm dito que irão promover as reformas que ele tentou emplacar em seu governo, como a da Previdência.
"Recentemente, o senhor Paulo Guedes, que é o orientador da campanha de Jair Bolsonaro (PSL), disse que vai continuar fazendo o que eu estou fazendo. Ou seja, é inevitável que ele continue. Ainda ontem, o candidato João Amoêdo (Novo), disse que vai continuar fazendo o que eu estou fazendo. Então, está confirmando uma palavra que eu tenho dito muito nos vários encontros a que eu tenho ido, em que digo a vocês que não se preocupem, mantenham o otimismo porque as reformas irão continuar", afirmou o presidente da República.
Estadão // AO