O presidente Michel Temer afirmou nesta quarta-feira, 29, que o Brasil poderá instituir um sistema de senhas para limitar a entrada de venezuelanos no Brasil. Em entrevista à Rádio Jornal de Pernambuco, Temer afirmou que atualmente entram de 600 a 700 pessoas por dia pela fronteira de Roraima e, com as senhas, entrariam entre 100 a 200 imigrantes por dia. De acordo com o presidente, a ideia das senhas é “organizar um pouco mais essas entradas”, disse.
Nesta terça, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, Sérgio Etchegoyen, informou que, do total de venezuelanos que ingressam diariamente no Brasil, cerca de 20% deles permanecem no país. O restante entra em território nacional para muitas vezes comprar suprimentos e retorna ao seu país.
Temer também afirmou que o governo federal está aumentando o processo de interiorização dos imigrantes que permanecem no Brasil, ou seja, está levando parte dessas pessoas para outros estados para diminuir a pressão sobre Roraima.
O presidente, entretanto, não detalhou como será a implementação das senhas, quando elas começariam a ser usadas e também não explicou melhor sobre o processo de interiorização.
Na entrevista, Temer frisou que o pronunciamento feito na terça por ele, quando anunciou a edição de um decreto convocando as Forças Armadas para agir em Roraima por duas semanas, foi “um pouco mais duro” em relação à Venezuela.
“É inadmissível isso que está acontecendo lá. Ontem eu até disse que isso está colocando em desarmonia o próprio continente sul-americano. … É preciso modificar o clima na Venezuela”, afirmou.
Na terça, Temer disse que é preciso buscar apoio com a comunidade internacional para se tomar “medidas diplomáticas firmes”.
À rádio, Temer afirmou que o governo brasileiro ofereceu ajuda humanitária à Venezuela há cerca de um ano e meio mas o governo de Nicolás Maduro recusou a oferta. “E o governo recusa lá e os venezuelanos vem para cá. Claro que a nossa política é de acolher aqueles que entram no país, não só nossa política mas os tratados internacionais. Mas o ideal para nós é que eles recebessem lá a nossa ajuda humanitária e que lá eles pudessem permanecer”, disse.
O presidente afirmou ainda que a edição do decreto de Garantia da Lei e da Ordem e o repasse de recursos para Roraima visam mais do que auxiliar os imigrantes, também atender aos brasileiros que moram nesta região. “Estamos dando todo apoio aos venezuelanos, mas com vista a proteger os serviços estaduais que são prestados aos brasileiros”, disse.
Estadão // AO