Economia

Dólar tem 7ª alta seguida e chega aos R$ 4,12

Sob o monitoramento silencioso do Banco Central, o dólar fechou em alta de 1,45% no mercado à vista e atingiu R$ 4,1203

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Dólar tem 7ª alta seguida e chega aos R$ 4,12

O dólar emplacou nesta quinta-feira, 23, sua sétima alta consecutiva, que resultou do mau humor no mercado internacional, combinado com o desconforto dos investidores com o cenário eleitoral interno. Sob o monitoramento silencioso do Banco Central, o dólar fechou em alta de 1,45% no mercado à vista e atingiu R$ 4,1203 – terceiro maior valor da história do Plano Real.

Em sete altas consecutivas, o dólar “spot” já subiu 6,69%, levando o acumulado de agosto para uma elevação de 9,72%. O valor de fechamento de hoje é o maior desde 21 de janeiro de 2016. Naquele dia, a divisa havia fechado aos R$ 4,1705.

O silêncio do Banco Central diante da nova escalada do dólar foi considerado por diversos analistas como um fator de incerteza para o mercado. Para os profissionais, a falta de uma sinalização da autoridade monetária deixa em aberto qual seria o “teto” da moeda. Por conta disso, afirmam, os negócios no mercado à vista se retraem, enquanto a pressão no mercado futuro se mantém firme, o que leva o dólar a galgar novos patamares a cada dia.

“A maior parte do nervosismo veio hoje do exterior, mas o fato de o Banco Central não se pronunciar leva o dólar a subir novos degraus. O mercado não está conseguindo enxergar até onde a cotação chegará”, disse José Carlos Amado, operador da Spinelli Corretora.

A opinião é compartilhada por Hideaki Iha, da Fair Corretora. Ele ressalta a forte influência do cenário internacional hoje, num dia de alta do dólar e queda das commodities, além da expectativa pelo discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, amanhã no seminário de Jackson Hole. No entanto, ele afirma que o cenário eleitoral doméstico continua a motivar a busca por dólares, com incertezas sobre até onde irá a cotação.

A quinta-feira foi de alta generalizada do dólar ante moedas emergentes, em meio a uma série de temores, a maioria relacionados aos Estados Unidos. Um dos pontos de tensão foi o início da vigência de novas tarifas dos EUA contra a China, ao mesmo tempo em que o gigante asiático acenou com retaliação e anúncio de ingresso de ação na Organização Mundial de Comércio. Temores de elevação de juros nos EUA e ruídos na Itália também influenciaram a aversão ao risco no mercado externo.

O cenário doméstico não trouxe grandes novidades, depois dos dias de agitação por conta da divulgação de pesquisas eleitorais. Nem por isso a cautela do investidor se dissipou, uma vez que a percepção é de que pode ser grande o desafio de Geraldo Alckmin (PSDB) de chegar ao segundo turno da eleição presidencial. A favor do candidato tucano contam os 5 minutos e 32 segundos de tempo na propaganda eleitoral da TV – o maior entre os presidenciáveis. O PT terá 2m32s. Jair Bolsonaro (PSL) terá 8 segundos e Marina Silva (Rede), 21 segundos.

Estadão // AO