Passadas as convenções dos principais grupos políticos da Bahia, a minha expectativa era de que este texto falasse sobre as coligações para as chapas proporcionais, que elegem deputados federais e estaduais. Depois que as novelas para as majoritárias pareceram resolvidas, a discussão sobre chapões e chapinhas seria café pequeno. Ledo engano. Desde os últimos dias da semana passada, governo e oposição estão em polvorosa para tentar chegar a um consenso nessa questão. Com um único objetivo: salvar a pele dos parlamentares com mandato.
No grupo da oposição, o tema ganhou contornos mais problemáticos. Três partidos decidiram apenas apoiar a candidatura de José Ronaldo (DEM) e formar uma coligação proporcional com o nanico PRTB, que postula o Palácio de Ondina com o ex-prefeito de Salvador, João Henrique. Ali nasceu uma semente de discórdia que se tornou uma dor de cabeça grande apenas nesta segunda-feira (6), quando PTB e PSC, apoiadores em primeiro grau do candidato do DEM, também desistiram de compor o chapão. Como a majoritária contemplou a indicação de Irmão Lázaro (PSC) ao Senado, se esperava reciprocidade dos social-cristãos para ajudar a eleger os dinossauros do DEM. Sem acordo.
O próprio Democratas foi um dos primeiros a retesar a situação. Nos bastidores, reclamou da postura do PSC e “pediu a cabeça” de Lázaro. Porém, não é vantagem criar um novo desgaste com a candidatura do cantor ao Senado, depois de tanta celeuma para indicá-lo ao posto. Além do que Lázaro é considerado um dos nomes mais competitivos do grupo e sangrar a própria carne num processo com nomes já desidratados politicamente é uma jogada difícil de bancar.
O foco tanto dos “rebeldes”, que deixaram os acordos proporcionais, quanto dos “carrascos”, que ameaçaram retaliação, é apenas um: salvar a própria pele. Sem um candidato puxador de votos na candidatura ao governo, qualquer esforço para tentar a reeleição ou para garantir uma cadeira na Câmara dos Deputados ou na Assembleia Legislativa é válido e, mesmo que interajam a contragosto ao longo da campanha, qualquer um dos atores políticos sabe que na hora do aperto é “cada um por si”.
Bn // AO