A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro, com apoio dos mesmos órgãos em São Paulo, realizam operação nesta quinta-feira (2) para cumprir cinco mandados de prisão e 21 de busca e apreensão. Os alvos da Operação Água Negra são suspeitos de integrar quadrilha responsável por furto de combustível na Região Metropolitana do Rio para revender o produto no interior de São Paulo.
Até as 6h45, haviam sido feitas uma prisão em São Paulo e duas no Rio de Janeiro. Em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo, foi preso Claudionor Inácio da Silva, considerado o líder do esquema criminoso.
“A Petrobras estima prejuízo de pelo menos R$ 200 mil de apenas um furto”, afirmou a promotora Simone Sibilio, do Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MP-RJ).
De acordo com as investigações, o grupo retira combustível, petróleo e óleo diesel de dutos da Transpetro em municípios como Duque de Caxias, Nova Iguaçu e Magé, na Baixada Fluminense, assim como Silva Jardim e Pinheiral, no Sul Fluminense.
Os mandados de busca e apreensão são para endereços residenciais e de empresas tanto em Duque de Caxias e Magé, na Baixada Fluminense, quanto em Itaquaquecetuba.
No município paulista, segundo a Delegacia de Serviços Delegados (DDSD) da Polícia Civil do Rio, funciona o núcleo financeiro da quadrilha, além de local em que o combustível é revendido ou refinado (no caso do petróleo cru) para posterior revenda.
"As investigações apontam que essas organizações criminosas auferem um lucro muito grande com esse tipo de atividade, e ela vem crescendo no Rio de Janeiro. E as investigações mostram que esses derivados de petróleo mostram uma forte atuação no Estado de São Paulo", explicou o delegado Ricardo Barboza.
O grupo que atua em São Paulo, segundo ele, usa de notas fiscais frias e transporte clandestino para conseguir fazer o óleo diesel e o petróleo cru circularem entre os dois estados.
"A organização criminosa tem empresas que têm por foco dar uma veste de legalidade, tanto ao transporte quanto à venda desse produto, por vezes simulando o transporte como se fosse óleo queimado, ou óleo destinado à reciclagem", apontou Barboza.
Entre março de 2017 e julho de 2018, o Ministério Público denunciou 51 pessoas, pediu a prisão de 44 pessoas e a emissão de 91 mandados de busca e apreensão para diferentes grupos envolvidos. Já houve grupos presos na Baixada e no interior de São Paulo, como nas operações Ouro Negro I e II.
Alvos de prisão no eixo RJ-SP
No Rio de Janeiro, há mandado de prisão para três pessoas: Bruno de Paiva Santos, Jorge Felipe da Silva Paes e Manoel de Andrade Maia. De acordo com as investigações, eles são responsáveis pela atividade de operação das máquinas para retirar o combustível dos dutos da Transpetro, especialmente na área próxima à Refinaria de Duque de Caxias (Reduc).
Os três estavam em um carro em que foram encontradas bombas hidráulicas com resquícios de petróleo dentro. A Polícia Rodoviária Federal, então, fez uma busca mais detalhada no veículo e encontrou R$ 48 mil no dia 8 de agosto de 2017. Bruno, Jorge e Manoel afirmaram que o dinheiro teria sido conseguido graças a uma compra de terreno. A compra, porém, só foi realizada um dia após a apreensão do veículo, e os três não foram presos.
"Eles estão sendo procurados por obstrução de justiça porque simularam uma origem diversa para o dinheiro, através da compra e venda de um imóvel", explicou o delegado.
Everton Nascimento Silva, paulista de Itaquaquecetuba, foi identificado como responsável pela compra do terreno. Porém, segundo Polícia e Ministério Público, ele é braço direito do homem responsável pelo esquema na cidade paulista, Claudionor Inácio da Silva. Ele é o principal suspeito de comandar o esquema de refino o petróleo cru que vem do Rio de Janeiro, para depois revendê-lo em São Paulo.
Os cinco mandados de prisão são por furto, organização criminosa e obstrução de justiça.
"Estas organizações criminosas são bem estruturadas e articuladas, de forma que as informações e a atuação são compartimentalizadas, o que torna a investigação ainda mais difícil. Somente com a atuação integrada é vem sendo possível obter informações de forma a conseguir enxergar o todo", explica o promotor Fábio Corrêa, do Grupo de Atuação Especializada e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio.
G1 // AO