O auxiliar de cozinha preso por estuprar três mulheres que foram abordadas dentro de campi da UFBA, em Salvador, confessou os crimes e disse que roubava as vítimas para pagar uma dívida que foi contraída com um agiota, que saltou de R$ 3 mil para R$ 15 mil em sete meses, devido a cobrança de juros. Na casa dele, a polícia disse ter encontrado uma bolsa, um chaveiro e um celular das mulheres, que não tiveram identidades divulgadas.
Ramon Tiago Santos de Lima, de 24 anos, foi preso na própria residência, que fica na Rua Cardeal Jean, no bairro do Rio Sena, na capitala baiana, na tarde de quinta-feira (26), e foi apresentado à imprensa nesta sexta (27), na sede da Polícia Civil, na Piedade. O suspeito estava com mandado de prisão preventiva em aberto e deve ser encaminhado ao sistema prisional.
Os crimes ocorreram entre maio e julho e as vítimas foram abordadas em diferentes campi da instituição de ensino — uma no dia 17 de maio, em Ondina, outra no dia 9 de julho, no Canela, e a terceira no dia 20 do mesmo mês, também em Ondina. O suspeito disse que agia dentro da Ufba por não ter viaturas circulando no local. Na primeira ação, a vítima contou que foi sequestrada no estacionamento da Ufba, no bairro de Ondina, e relatou os momentos de terror que viveu, por cerca de 2h.
"Ontem [quinta-feira, 26] ele teve decretada a prisão temporária e o localizamos dentro de casa. Na ocasião, estava com a namorada, que não mora com ele na residência", disse o delegado Delmar Bittencourt, que apura os crimes.
"Ele estava com a bolsa da primeira vítima, um chaveiro da segunda vítima e um celular da terceira. Então, ele não teve outra alternativa senão confessar tudo", contou o investigador.
Conforme a polícia, Ramon pegou R$ 3,1 mil com um agiota em dezembro de 2017, para pagar um advogado, depois que um irmão foi preso suspeito de envolvimento com tráfico de drogas em Feira de Santana. A dívida, no entanto, aumentou muito e ele não conseguia quitar por estar desempregado. Afirmou à polícia já ter pago R$ 4 mil, mas disse que ainda deve R$ 11 mil ao credor.
Por conta disso, resolveu cometer os assaltos, mas, conforme o delegado, o suspeito não soube explicar porque também praticada os estupros contra as vítimas. Disse apenas que agia sob efeito de drogas. Após ser preso, afirmou estar arrependido.
Da primeira vítima raptada na Ufba, conforme a polícia, o suspeito roubou R$ 120. A segunda teve o cartão bancário levado pelo criminoso. A polícia diz que ele passou o cartão em máquinas de dois postos de combustíveis da capital em troca de dinheiro, e recebeu os valores de três frentistas. Os funcionários dos postos foram identificados e demitidos, segundo a polícia. Com o cartão da segunda vítima, o homem conseguiu R$ 900. Já da terceira vítima, foram roubados R$ 1,9 mil.
Investigações
As investigações tiveram início no dia 17 de maio, depois que a primeira vítima foi abordada, segundo a polícia. "Começamos a traçar uma linha de investigação e vimos que os três casos tinham aspectos em comum", disse o delegado Delmar Bittencourt.
"As vítimas eram abordadas sempre entre 18h45 e 19h05, sempre dentro da UFBA, e os carros delas eram abandonados no mesmo local, em Rio Sena, mesmo bairro onde o suspeito reside. Dois dos veículos, inclusive, foram encontrados numa mesma rua", detalhou.
Conforme informou a polícia, o criminoso, que não tem antecedentes criminais, escolhia as vítimas de forma aleatória, mas sempre dentro de algum campus da Ufba e sempre ao anoitecer, para evitar ser identificado. Ele disse no depoimento que usava drogas para poder criar coragem de praticar os crimes.
"Ele dizia que dentro da Ufba, por não ter policiais circulando, era mais difícil de ele ser pego", disse o delegado.
Conforme a polícia, nas três ocasiões, o homem disse que saía de casa, em Rio Sena, às 17h30. Pegava um ônibus e saltava na Ufba, por volta das 19h. Depois, seguia para algum estacionamento da instituição de ensino para abordar alguém que estivesse mais vulnerável. "Ele raptava a pessoa no local, depois tirava de dentro da Ufba e ia com a vítima para regiões próximas, onde cometia os estupros", detalhou Delmar Bittencourt.
Ainda segundo o delegado, após abusar das vítimas, o criminoso seguia com elas pela BR-324. Duas delas foram deixadas no Porto Seco Pirajá e outra em um posto de combustíveis às margens da rodovia.
O suspeito alegou que abordava as vítimas utilizando uma faca, mas uma das mulheres contou que ele estava com uma pistola. Mas a polícia disse que nem a pistola e nem a faca foram encontradas.
A polícia disse ter encontrado nos locais onde os estupros aconteciam materiais biológicos que seriam do suspeitos e que podem ser juntados ao processo como mais uma prova contra ele. Os materiais foram colhidos e encaminhados ao Departamento de Polícia Técnica (DPT) para análise.
G1 // AO