Bahia

Deslizamentos de 2018 já superam em 79% os casos no ano passado

Os números deste ano, conforme dados da Defesa Civil de Salvador (Codesal), já superam a quantidade de todo o ano de 2017

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Área onde a terra deslizou em Plataforma na quarta, 27, foi interditada - Foto: Shirley Stolze | Ag. A TARDE

O deslizamento que aconteceu nesta quarta-feira, 27, na avenida Afrânio Peixoto (Suburbana), no bairro de Plataforma, foi apenas um dos 738 registrados, até o momento, em 2018 na capital baiana. Os números deste ano, conforme dados da Defesa Civil de Salvador (Codesal), já superam a quantidade de todo o ano de 2017, que contou com 412 casos, contabilizando aumento de 79%.

A quantidade de imóveis condenados também teve crescimento com 940, em 2018, contra 652 casos em 2017. O engenheiro civil e presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea), Luís Edmundo Campos, explica que as chuvas mais fracas e insistentes podem gerar mais deslizamentos que uma chuva forte e rápida.

"A chuva constante tem tempo para penetrar no terreno. Já a forte, sem chuvas anteriores, vai escoar mais superficialmente, descendo como uma cachoeira. Neste caso, o problema é o alagamento", esclarece. Com o passar da estação chuvosa, a chuvinha fraca, constante, é muito mais perigosa para deslizamento.

Ele explica ainda que esse tipo de movimentação do solo pode ocorrer inclusive sem chuva. "Temos casos de deslizamentos que aconteceram em pleno sol, mas por causa da água que penetrou dias antes".

De acordo com uma pesquisa realizada em 2010, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada na tarde de ontem, Salvador possuía 45% da sua população morando em áreas de risco, o que corresponde a 1.217.527 pessoas (leia ao lado).

Ações

Para diminuir as ocorrências, a Codesal afirmou que, entre 2016 e 2017, foram aplicados 60 mil m² de geomantas em encostas de comunidades que vivem em áreas de risco de Salvador, em 88 pontos de 28 bairros. O órgão afirmou ainda que estão em execução mais 24 pontos, totalizando 20 mil m².

O mau uso do terreno pode ser um dos fatores que contribuem para a movimentação de terra, de acordo com o especialista. "O que o pessoal faz é, para aplanar o terreno, apenas joga terra em cima. Isso deixa suscetível a movimentação do solo. O ideal é construir sobre pilares, como em uma espécie de palafitas, para ter a menor movimentação possível", completa.

A tarde // AO