De acordo com funcionários e alguns pacientes do Hospital Municipal de Salvador (HMS), o atendimento na unidade hospitalar está deixando a desejar. A equipe do jornal A Tarde esteve no HMS, e, conforme relatos, mesmo com pouco movimento, a demora no atendimento da emergência é grande, além disso, atendimentos especializados, consultas e exames não estariam sendo realizados, como foi anunciado.
Segundo alguns pacientes do HMS, a falta de médicos especialistas é um problema. Durante poucos minutos na recepção do centro de saúde, nossa reportagem flagrou vários usuários reclamarem da falta de atendimento. "Às vezes é melhor utilizar a UPA", disse um morador próximo do hospital, referindo-se à falta de especialistas no local.
Na recepção do HMS, obtivemos a informação de que atendimentos e exames para áreas específicas da saúde não são marcados no hospital.
"Geralmente só atendemos egressos de cirurgia, urgência e emergência. Para atender outras especialidades, o paciente tem que ser encaminhado através de um posto médico. Ainda tem alguns setores que não estão funcionando", afirmou um funcionário, que pediu para não ser identificado.
Demora
Walter Santos é morador da região e pai de uma paciente que aguardava atendimento no HMS. Ele afirmou esperar por mais de quatro horas a fim de obter atendimento ortopédico para a filha.
"O HMS só tem boniteza, mas o atendimento aqui é péssimo. Minha filha torceu o pé, chegamos aqui às 8h da manhã, já é meio-dia e até agora nada. Fui informado de que os médicos estão ocupados e que precisam dar prioridade a quem chegou antes. Enquanto isso minha filha está sentindo dores, precisando engessar o pé. Já precisei de atendimento outras vezes, e foi ainda pior", relatou.
Dona Bartira Santana diz ter tentado atendimento na emergência do HMS, mas voltou para casa sem conseguir. Segundo um comerciante da região, inúmeras pessoas que passam em seu estabelecimento reclamam da falta de profissionais para atendimentos específicos e de que é preciso chegar em estado grave para serem recebidos no HMS. "Esse hospital é uma novela, uma comédia. Está sempre vazio, pois as pessoas quando chegam procurando atendimento logo saem reclamando e dizendo que foram orientadas a procurar um posto. Para que, então, uma estrutura dessa se não tem atendimento, é preciso chegar morrendo para ter médico?", questiona.
Funcionamento
A Secretaria Municipal da Saúde (SMS), em resposta ao ao jornal , afirmou que o HMS, inaugurado há cerca de dois meses, está funcionando normalmente em sua primeira fase. De acordo com a SMS, todo o setor de emergência da unidade está em atividade de forma completa, com 44 leitos, incluindo sete na área de pediatria.
Já a enfermaria está em operação com 90 leitos para adultos (de um total de 150), 10 leitos de UTI para adultos (de um total de 20) e três salas cirúrgicas (de um total de seis). E que estão sendo realizados os seguintes exames: raios-X, ultrassonografia, tomografia, eletrocardiograma, eletroencefalograma, teste ergométrico, holter, ecocardiograma, eletrocardiografia e exames laboratoriais.
A SMS informou ainda que a segunda fase entra em operação nas próximas semanas, quando mais 30 leitos de enfermaria adulto, 10 leitos de UTI adulto (totalizando os 20 previstos no total), três salas cirúrgicas, serviço de ressonância magnética e serviço de atenção domiciliar serão disponibilizados. Enquanto a terceira fase está prevista para entrega em novembro de 2018, com oferecimento de outros 70 leitos, entre enfermarias para adultos e crianças; UTI pediátrica, centro de endoscopia e serviço de atenção domiciliar.
Conforme dados obtidos pela reportagem, até o momento, o Hospital Municipal de Salvador já teria atendido cerca de 3.629 pessoas na emergência e realizado 790 internações.
Da redação com informações do jornal A tarde // AO