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Quadrilhas juninas correm risco de extinção por falta de financiamento na Bahia

Nunca houve investimento do governo

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Atual campeã estadual, a Capelinha do Forró, de São Caetano, deve ter sua última participação em competições este ano, após 20 anos de existência - Foto: Alessandra Lori | Ag. A TARDE

 

A primeira vez que Renata Andrade, 26 anos, viu a quadrilha Capelinha do Forró foi arrebatada pelas cores, formas e representações do grupo. Desde então, já se vão 12 anos. No entanto, a união pode estar com os dias contados por falta de financiamento às quadrilhas juninas.

A diretora da Capelinha do Forró, Taís Brandão, admite que este deve ser o último ano de participação do grupo em competições. Criada há 20 anos, no bairro de São Caetano, a quadrilha conta com 165 pessoas e é a atual campeã estadual de quadrilhas da Bahia.

“A preparação para manter e organizar uma quadrilha junina é comparável a uma escola de samba. Assim que termina o período junino, começamos os preparativos para o ano seguinte. Temos um custo orçado em R$ 250 mil e não recebemos apoio público, nem privado. É complicado, pois levamos o nome da Bahia para todo o Brasil. Estamos entre as três melhores quadrilhas do País e a melhor do Nordeste”, diz Taís.

Ela acredita que a falta de compromisso dos órgãos públicos com a questão cultural e o pouco investimento do setor privado contribuem para o enfraquecimento dos grupos. “Em 1989, tínhamos mais de 200 quadrilhas juninas, juntando Salvador e região metropolitana. Hoje, temos pouquíssimas”, compara.

Presidente da Imperatriz do Forró, Jonas Almeida atesta a falta de investimentos, contudo ele critica os grandes orçamentos e toda a “espetacularização” de um momento que, segundo ele, deve manter as raízes na tradição.

“Nunca houve investimento do governo. Conseguimos recursos por doações, integrações com o bairro, contribuições dos participantes e outras ações que desenvolvemos. O problema são os grandes orçamentos. As premiações das competições, geralmente, são entre R$ 5 mil e R$ 10 mil, mas temos um gasto de R$ 60 mil a R$ 70 mil. O nosso grupo foi formado há três anos e é uma via para tirar os jovens da marginalização aqui no subúrbio”, ressalta Jonas.

Integrante do núcleo coreográfico da Capelinha do Forró e da direção da quadrilha Cia da Ilha, em Vera Cruz, Adeilson Sousa destaca que, apesar da concorrência entre as quadrilhas juninas, a maioria compartilha as mesmas dificuldades de arrecadação. “Em Salvador, não há apoio da prefeitura ou do governo. Aqui, na Ilha de Itaparica, se não houvesse investimento da prefeitura, dificilmente a Cia da Ilha existiria”, diz.

 

A Tarde /// Figueiredo