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Almirante Othon tinha 'camada de proteção' para receber propina, afirma delator

O almirante foi preso em julho de 2015 pela Operação Lava Jato, no Paraná.

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O doleiro Cláudio Barboza, da Operação Câmbio, desligo, contou ao Ministério Público Federal que o ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva tinha uma "camada de proteção" para receber propina. Cláudio Barboza, o "Tony", descreveu a "engenharia" usada pela Odebrecht para transferir valores ao almirante Othon.

O almirante foi preso em julho de 2015 pela Operação Lava Jato, no Paraná. Othon foi para o regime aberto em dezembro daquele ano, mas voltou a ser preso em julho de 2016 pela Polícia Federal, durante a Operação Pripyat, acusado de continuar a exercer influência na Eletronuclear.

Em outubro de 2017, a 1ª Turma do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (Rio) revogou a prisão preventiva do almirante Othon, por meio de habeas corpus. O ex-presidente da Eletronuclear já foi condenado a 43 anos de prisão.

Na delação, "Tony" declarou que operava com o ex-funcionário do banco Credit Suisse Paulo Arruda. Segundo o delator, "as operações de Arruda consistiam, em sua maioria, na venda de dólares no exterior ao colaborador para recebimento de reais no Brasil".

"Sabe dizer que Paulo Arruda também estava incluído no sistema Drousys da Odebrecht; que a empreiteira colocou Arruda no sistema em razão do mesmo possuir o almirante Othon como cliente; que Othon era presidente da Eletronuclear", relatou.

Aos procuradores, "Tony" afirmou que "obteve essa informação por meio de Luiz Eduardo Soares", operador ligado à Odebrecht. De acordo com o delator, os dados foram confirmados "pelo próprio Arruda".

"Tal circunstância demonstra que a construtora pagava valores a Othon por meio de Arruda; que como o colaborador também operava para a Odebrecht, foi estabelecido que os créditos para o almirante Othon, via Paulo Arruda, seriam creditados primeiro para o colaborador (Cláudio Barboza) para depois serem creditados a Arruda; que tal sistemática funcionou em 3 ou 4 operações e servia como uma camada de proteção de um vínculo entre Odebrecht e o almirante", afirmou em seu depoimento.

"Os créditos feitos pela Odebrecht ao colaborador eram apenas contábeis e feitos na conta corrente que mantinham; que a Odebrecht suspendeu tal forma de pagamento após algum tempo, provavelmente em razão de controles do banco, e a forma de pagamento foi alterada."

Defesa

A reportagem fez contato com a defesa do almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva e com a Odebrecht. O ex-funcionário do Credit Suisse Paulo Arruda não foi localizado. O espaço está aberto para as manifestações dos citados nesta matéria.

Estadão Conteúdo // AO