Em discurso no prêmio "Person of the Year, na noite desta terça-feira, 15, em Nova York (EUA), o juiz federal Sérgio Moro afirmou que "apesar de dois impeachments presidenciais e um ex-presidente preso, não houve e não há sinais de rupturas democráticas" no Brasil.
O magistrado símbolo da Operação Lava Jato foi homenageado pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos com a premiação que é tradicionalmente concedida a personagens destacadas da iniciativa privada brasileira e americana.
"Nós construímos desde a independência um grande país. Livre e democrático desde pelo menos 1985. Estável politicamente há mais de trinta anos. Apesar de dois impeachments presidenciais e um ex-presidente preso, não houve e não há sinais de rupturas democráticas", declarou, referindo-se aos ex-presidentes Fernando Collor, cassado em 1992, e Dilma Rousseff, cassada em 2016, e Luiz Inácio Lula da Silva, preso em 7 de abril deste ano por ordem dele próprio, Moro.
Durante o discurso, o juiz destacou o fato de executivos de grandes empreiteiras, da Petrobras e políticos terem sido julgados e presos no Brasil, o que, segundo ele, indica duas percepções.
Por um lado, o País não ter conseguido impedir "o mal uso do poder para ganhos privados" pode causar certa vergonha, avaliou Moro; por outro, no entanto, o avanço das investigações deve ser motivo de orgulho, em sua avaliação.
O magistrado afirmou, ainda, que é necessário "restaurar a confiança". "Assim agindo também retomaremos a confiança do mundo em nosso país. Esse é um trabalho de todos, mas especialmente dos senhores e senhoras aqui presentes, empresários, intelectuais, lideranças em seus respectivos setores. Nada de baixar a cabeça, o futuro só pode ser visto olhando para acima do horizonte e então você precisa elevá-la."
Estadão // AO