Economia

Petróleo volta a fechar no maior nível em três anos e meio

O Irã é o terceiro maior produtor da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), com produção de cerca de 3,8 milhões de barris por dia.

NULL
NULL

Os contratos futuros de petróleo voltaram a fechar em alta nesta quinta-feira, 10, ainda com as tensões geopolíticas no Oriente Médio no radar. Os Estados Unidos impuseram novas sanções contra empresas e indivíduos iranianos durante a tarde, enquanto os investidores também digeriram trocas de mísseis entre o Irã e Israel durante a madrugada, recolocando a geopolítica como guia dos preços do óleo.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para junho fechou em alta de 0,31%, para US$ 71,36 por barril. Já na Intercontinental Exchange (ICE), o barril do petróleo Brent para entrega em julho subiu 0,34%, para US$ 77,47.

O dia começou em baixa para o petróleo, que sofreu uma realização de lucros após ter subido ao maior nível em mais de três anos. No entanto, poucos minutos antes do fechamento, os contratos voltaram a ser procurados, apoiados ainda pela visão de que a retirada dos EUA do acordo nuclear internacional com o Irã irá reduzir a quantidade de óleo no mercado devido às sanções impostas por Washington à economia iraniana.

Durante a tarde, o Departamento do Tesouro dos EUA impôs novas penalidades contra empresas, indivíduos e autoridades iranianas que o governo americano alegou estarem optando uma rede ilegal de negociações de câmbio nos Emirados Árabes Unidos. Além disso, Washington acusou o banco central do Irã de ser cúmplice de operações que canalizam dólares para a unidade militar de elite do país persa.

No passado, as sanções contra o Irã reduziram as exportações de petróleo do país em cerca de 1 milhão de barris por dia, de acordo com o Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) dos EUA. Para Giovanni Staunovo, analista de commodities da UBS Weatlh Management, o impacto nas exportações iranianas nos próximos seis meses será de cerca de 200 a 500 mil barris de óleo cru por dia.

“Embora a interrupção que antecipamos seja de uma pequena fração da produção global de cerca de 98 milhões de barris por dia, isso fortaleceria ainda mais o mercado de petróleo neste verão no Hemisfério Norte”, disse Staunovo.

O Irã é o terceiro maior produtor da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), com produção de cerca de 3,8 milhões de barris por dia. A Arábia Saudita, que também integra a Opep, já se comprometeu a ajudar a estabilizar o mercado da commodity, dizendo que iria “mitigar o impacto de qualquer escassez de oferta potencial” causado pelas novas sanções.

O ministro de Minas e Hidrocarbonetos da Guiné Equatorial, Gabriel Obiang Lima, país que também integra a Opep, não prevê que a iniciativa dos EUA de reimpor sanções contra Teerã tenha um grande impacto na indústria petrolífera. “Eu não acho que isso vai nos afetar, é geopolítico. Já estamos obtendo mais produção de visto”, lembrou. Além disso, ele afirmou que deve haver uma intervenção europeia “e uma resolução para todas as partes.”

O dólar mais fraco também esteve no radar dos investidores. A moeda americana recuou em relação a outras divisas consideradas principais, após o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA vir abaixo do esperado. Por ser cotado em dólar, o petróleo fica mais barato para investidores que operam em outras divisas quando a moeda americana cai.

As tensões envolvendo Israel também foram monitoradas. Os estresses no Oriente Médio se intensificaram após Israel anunciar que bombardeou “dezenas” de alvos iranianos na Síria, em resposta a um ataque iraniano com mísseis contra soldados israelenses posicionados nas Colinas de Golã. (Com informações da Dow Jones Newswires)

Estadão Conteúdo /// ACJR