O presidente do MDB, Romero Jucá (RR), indicou que o presidente Michel Temer não será mesmo candidato à reeleição. Em entrevista ao Estadão/Broadcast, o senador disse que o principal objetivo do partido é eleger "a maior bancada da Câmara e do Senado". Jucá afirmou que, se não for candidato, Temer "não estará na eleição". Ele admitiu conversas com PSDB e PRB em busca de uma aliança e que o nome deve ser o de um político. "O MDB não ter candidato em prol de uma convergência está na mesa." Sobre a candidatura do tucano Geraldo Alckmin, resumiu: "Alckmin é um 'recall' de eleições para Presidência".
Michel Temer e Henrique Meirelles aceitariam desistir de uma candidatura própria?
O presidente tem dito que não é um obstáculo para um entendimento. Temer está dizendo com todas a letras que não é empecilho. Se tiver um nome melhor do que o dele, que possa firmar, ele diz: 'Retiro a candidatura'. Meirelles também não é empecilho, mas quer estar no jogo para ser avaliado.
A desistência está na mesa?
O MDB não ter candidato em prol de uma convergência, isso está na mesa. Para garantir a transição, as conquistas que tivemos até agora, a estabilidade, o MDB vai fazer parte de um debate que, necessariamente, não vai forçar uma candidatura própria. O MDB pode ajudar a construir um entendimento se for uma candidatura mais viável. O que temos que discutir é viabilidade eleitoral.
Meirelles e Temer juntos não passam de 2% nas pesquisas…
Eles começaram agora. A gente tem que discutir o que está nesse jogo. Você vê, Alckmin é o que tem maior índice (entre os candidatos de centro), mas está estacionado. Ele é um 'recall' de eleições para Presidência, foi governador quatro vezes, mas é importante que ele demonstre capacidade de vitória, de passar para as pessoas a condição de dar estabilidade.
Os nomes já testados em eleições anteriores vão conseguir defender um novo discurso?
O MDB está evoluindo. Estamos com outra prática política. Podemos melhorar os procedimentos, punir políticos que agiram erradamente, mas, se não tiver política, o que sobra é a aventura. Um discurso fácil de eleição não é possibilidade fácil de governo depois.
O sr. está falando do pré-candidato Jair Bolsonaro (PSL-RJ)?
Qualquer um.
O sr. acha que ainda pode aparecer um nome novo na disputa?
Acho difícil. O jogo já está jogado. Entre os partidos de centro, temos que achar um nome que tenha condição de fazer duas coisas: capacidade de repassar à sociedade preceitos dessa corrente e mostrar que pode ganhar eleição. Se for para o 2.º turno, já ganhou eleição.
Para o MDB, o candidato de centro precisa defender o legado do presidente Michel Temer?
A defesa do legado se dará na medida em que esse grupo defenda a continuidade da travessia. Não estamos discutindo a defesa do presidente. O presidente, se não for candidato, não estará na eleição. Estamos discutindo as ações do governo. Queremos inflação abaixo da meta e taxa de juros mais baixa? Queremos crescimento econômico e responsabilidade fiscal? Queremos que reformas desonerem o contribuinte? Quem for candidato de centro vai defender esses preceitos. Não é que vai no palanque elogiar Michel Temer.
Já é certo que Temer ficaria fora da campanha?
Ele vai governar. Ele não vai, como presidente, participar.
Qual o objetivo do partido?
O MDB vai trabalhar para eleger a maior bancada da Câmara e do Senado. Ter candidato à Presidência é uma opção. Buscar a grandeza na Câmara e no Senado é decisão já tomada.
E as conversas como o PSDB?
São embrionárias ainda.
A candidatura de Paulo Skaf ao governo de São Paulo entra na negociação com o PSDB?
A candidatura do Skaf é posição do MDB nacional. É para valer. As candidaturas que temos nos Estados são para valer. Queremos criar uma base sólida de governadores e no Congresso. O MDB tem outros horizontes.
De que forma a saída do ex-ministro Joaquim Barbosa (PSB) muda o quadro eleitoral?
Muda porque você tem a saída de um outsider reconhecidamente com um número significativo na pesquisa. Esse espaço de outsider se reduz mais. Em tese, os candidatos, tirando o João Amoêdo e o Flávio Rocha, você não tem novidade. São pessoas já testadas nas eleições, já fizeram campanha, todo mundo sabe dos prós e contras. (A tendência) Vai ser eleger um político.
A economia patina. Como lidar com isso na campanha?
A economia está patinando porque está sentido os efeitos da imprevisibilidade do resultado das eleições. Os grandes investimentos foram colocados em ritmo mais lento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Estadão // AO