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Filha de Temer diz que pegou empréstimos para pagar reforma, mas não apresenta comprovantes

A obra é investigada pela PF, que suspeita que o presidente tenha lavado dinheiro de propina

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Uma das filhas do presidente Michel Temer, Maristela, disse à Polícia Federal que usou empréstimos e dinheiro da mãe para pagar uma reforma em sua casa, em 2014.

A obra é investigada pela PF, que suspeita que o presidente tenha lavado dinheiro de propina com reformas em imóveis de familiares e em transações imobiliárias em nomes de terceiros, na tentativa de ocultar bens. Maristela não apresentou comprovantes.

Em depoimento nesta quinta (3), ela ainda admitiu que Maria Rita Fratezi, mulher do coronel João Baptista Lima Filho, fez alguns pagamentos, mas negou o recurso tenha vindo de seu pai.

O coronel é apontado por delatores como um intermediário de Temer para o recebimento de propina. 

O conteúdo do depoimento foi relevado pelo Jornal Nacional e confirmado pela reportagem.

Em março, um fornecedor da obra feita Maristela afirmou à Folha que recebeu pagamentos das mãos de Fratezi, em dinheiro vivo.

"Foi Maria Rita Fratezi quem fez os pagamentos, em espécie, em parcelas. Os pagamentos foram feitos dentro da loja", disse Piero Cosulish, da Ibiza Acabamentos. "Ela [Maria Rita] vinha fazer o pagamento. Se estava dentro de um envelope, dentro de uma bolsa, não sei te confirmar", acrescentou.

Fernando Castelo Branco, advogado da filha do presidente, disse à Globo que o "auxílio" da mulher do coronel foi dado "por carinho a Maristela", "por conhecer desde criança".

Cosulish foi intimado pela PF e deve ser ouvido nesta sexta. Os depoimentos fazem parte do inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal que investiga se empresas do setor portuário pagaram propina para a edição de um decreto, assinado por Temer no ano passado.

A estimativa dos investigadores é de que a reforma tenha custado cerca de R$ 1,5 milhão.

A obra passou a ser objeto de apuração quando a polícia encontrou na casa do coronel, em uma busca e apreensão, comprovantes de pagamentos a fornecedores.

INVESTIGAÇÃO

Até o momento, a apuração da polícia aponta que o presidente recebeu, por meio do coronel Lima, ao menos R$ 2 milhões de propina em 2014.

A origem desse dinheiro são, para a investigação, a JBS e uma empresa contratada pela Engevix.

A reportagem tentou contato com a defesa de Maristela, mas nenhuma ligação foi atendida.

Folha de S.Paulo // AO