Desde o pico da carteira assinada no setor privado no País, registrado em junho de 2014, foram perdidas 3,967 milhões de vagas formais no mercado de trabalho, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados nesta sexta-feira, 27, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Não está havendo recuperação da carteira, o que esta havendo é desaceleração da perda”, avaliou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE. “Ela representa estabilidade, ela representa um passaporte para o crédito”, completou.
Apenas no primeiro trimestre de 2018 foram eliminados 408 mil empregos com carteira assinada no setor privado, uma queda de 1,2% no total de vagas formais no País em relação ao quarto trimestre de 2017.
“(A carteira assinada) Caiu menos do que caiu no ano passado. Mas continuo perdendo trabalho com carteira assinada, estou (com a população trabalhando com carteira assinada) no menor nível da série histórica. A gente não vê ainda no mercado de trabalho uma recuperação de postos voltados para a formalidade”, lembrou Azeredo, acrescentando que muitos dos que atuam sem carteira estão “em situação de trabalho não digno, sem proteção social, com jornada de trabalho abusiva”.
Apesar da queda na carteira assinada, a taxa de desemprego no primeiro trimestre deste ano ficou em 13,1%, contra 13,7% no mesmo período do ano passado. O volume de ocupados está mais elevado, enquanto o total de desempregados diminuiu. No entanto, Azeredo lembra que essa relativa melhora ocorre sobre uma base de comparação muito deteriorada. O mercado de trabalho permanece sem capacidade de reter trabalhadores temporários há pelo menos três anos.
“A gente está com uma base de comparação muito ruim. O movimento é favorável, mas o volume de desocupados é alto. Você não consegue ver recuperação da carteira de trabalho, entra sazonalidade e sai sazonalidade. A gente precisa perder mais de 50% dos desocupados que temos atualmente para voltar ao nível mais baixo da série. Quantos anos serão necessários para se perder esse número que se gerou de desocupação?”, questionou ele.
O nível mais baixo de desocupados na série histórica da pesquisa foi alcançado no quarto trimestre de 2013, quando havia 6,052 milhões de pessoas em busca de uma vaga. No primeiro trimestre de 2018, esse contingente ficou em 13,689 milhões de indivíduos.
Estadão Conteúdo // ACJR