Política

Para Ciro, é preciso esperar a consistência de Barbosa

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal despontou na última pesquisa Datafolha

NULL
NULL

O pré-candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT) afirmou que será preciso esperar a consistência do ex-ministro do STF Joaquim Barbosa (PSB) após ser exposto à fricção.

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal despontou na última pesquisa Datafolha, oscilando ente 8% e 10%, em todos os cenários. Ao lado de Ciro, Barbosa está empatado em terceiro lugar em cenários sem a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"É natural que ele chegue com notoriedade muito grande, porque pilotou durante quase um ano em tempo nobre da TV a novela do mensalão. Vamos ver que consistência ele vai ter na medida em que será exposto à fricção", disse.

Ciro afirma, porém, que o lugar ocupado por Barbosa já existia em cenários anteriores da corrida ao Planalto, referindo-se ao apresentador Luciano Huck, por exemplo. 

"Esse lugar aí de 8% parece que já foi frequentado muito recentemente pelo Huck, que vocês já descartaram. É um perfil de uma pessoa inorgânica à política, aparentemente ligado a combate a corrupção, que são valores superficiais."

Ciro comentou a pesquisa eleitoral antes de palestrar a empresários em evento em Nova Lima (MG), na região metropolitana de Belo Horizonte. 

Sem Lula, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) lidera a pesquisa —cenário que Ciro não vê como duradouro. 

"Eu não consigo visualizar Bolsonaro liderando pesquisa no Brasil, pode ser que eu esteja enganado, mas não consigo visualizar quando a população de fato começar a comparar. Não consigo visualizar pelo extenso despreparo, quando não a extensa boçalidade do candidato."

Na avaliação de Ciro, a pesquisa Datafolha ainda não antecipou tendências, já que houve alteração no quadro de candidatos. Segundo ele, a indefinição ainda permanecerá, já que o PT insiste na candidatura de Lula, que foi preso no último dia 7.

"O eleitorado que simpatiza com Lula, à luz da informação consolidada, que não está ainda, de que o Lula não é candidato, aguardará uma menção dele para se definir. Não se sabe qual é o tamanho disso. […] Os eleitores tendem a ponderar muitos argumentos além da menção", disse. 

Questionado sobre uma possível união de partidos de esquerda ainda no primeiro turno, Ciro disse ser difícil. "A esquerda só se une na cadeia", afirmou. Segundo ele, os projetos são diferentes e somente em situação de polarização, como a criada pela prisão de Lula, há o alinhamento das esquerdas.

Ainda assim, ele destoa de outros candidatos de esquerda, como Manuela D'Ávila (PC do B) e Guilherme Boulos (PDT), ao não engrossar o coro de que a eleição sem Lula seria uma fraude. "Apesar de todo carinho, respeito e amizade, não pode se fazer essa afirmação", diz.

Ao contrário de Manuela e Boulos, Ciro também não esteve no palanque com Lula antes de sua prisão em São Bernardo do Campo (SP). "Além da questão física, porque eu estava em Harvard (EUA), por que que eu tinha que estar lá? Por que eu estava obrigado a estar lá?", questionou. 

"O Lula é candidato e eu sou candidato. Eu não represento o PT nessa disputa. O projeto que eu advogado é diferente." 

AMIGO DE LULA 
Sobre o plano de visitar Lula na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, Ciro disse que a visita seria pessoal e não trataria de política. 

"O Lula não é pra mim uma figura que conheço pela TV e pelos jornais. É um velho camarada há mais de 30 anos, com quem eu convivo, muitas vezes discordando e mais das vezes concordando e a quem eu apoio. Não trocarei uma frase sobe política", disse. 

O pré-candidato afirmou ainda que doeu o coração ver as pessoas comemorando o momento triste da prisão de Lula com fogos. 

Para Ciro, a invasão do tríplex de Guarujá (SP) nesta segunda foi um protesto válido. 

"Na medida em que o tríplex não está no nome de Lula, mas ainda assim a segunda instância concluiu que, não sendo dele, estava reservado para ele como vantagem indevida, deu-se um limbo, que faz com que aquilo seja parecido com terra de ninguém."

Folhapress // ACJR