Um levantamento produzido pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV/DAPP) nos tuítes publicados sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Pedro Gomes mostrou que o debate foi influenciado pela presença de 1.833 robôs.
A pesquisa foi feita entre os tuítes publicados das 21h de quarta-feira até as 10h30m da última sexta. Esses robôs representaram até 5% do total da discussão, que chegou a 1,172 milhão de tuítes com 336.475 usuários únicos. O pesquisador Amaro Grassi, que integrou o estudo, explica que esse número pode crescer:
A polêmica vai se politizando de uma forma que os grupos mais organizados começam a acionar as suas estruturas.
Os pesquisadores também identificaram que a proporção do uso de robôs foi semelhante tanto entre os tuítes que lamentavam o crime quanto naqueles alinhados às críticas aos defensores de direitos humanos. Grassi diz que a presença de robôs se tornou uma constante no ambiente de discussões da rede.
— É uma característica do ambiente digital, ter esse tipo de atividade. Tanto os positivos, usados para atendimento, como os robôs maliciosos, que tentam distorcer o debate — afirmou.
A FGV/DAPP já analisou 15 casos de uso de robôs. As publicações dos últimos dias estão na proporção do que foi identificado no julgamento do ex-presidente Lula, em janeiro.
Outros casos, porém, foram mais influenciados, como no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em que o uso de robôs chegou a 20% das interações. Segundo os pesquisadores, a identificação de robôs não permite saber as identidades dos responsáveis.
O Globo /// A F ///